29 de setembro de 2012

Executiveprivilege vence rivais em Chandelier

Mais um post sobre cavalos com um recorde perfeito. Se continuar por este caminho, vão pensar que no mundo das corridas todos oc cavalos vencem todas as corridas em que participam, o que seria um tremendo erro.

Na verdade, estes cavalos (que têm tantas vitórias como corridas) são muito raros. É muito difícil um cavalo ganhar duas corridas consecutivas (ainda mais nos dias de hoje), o que só engrandece cavalos como a Executiveprivilege, que já ganhou cinco corridas consecutivas! Recentemente, venceu o Chandelier Stakes (gr. I) por 6 1/4 comprimentos.

Esperamos voltar a ver esta 'menina' na Grey Goose Breeders' Cup Juvenile Fillies (gr. I) em finais de Outubro.




Mais uma exibição digna do Desporto de Reis!


27 de setembro de 2012

11 Regras de escrita para (des)respeitar

O autor Colson Whitehead dá algumas regras simples de escrita:

Regra 1: "Mostra e diz" — Basicamente, há que encontrar um equilíbrio e saber quando usar descrições mais longas, densas e elaboradas ou quando usar diálogos ou frases curtas e concisas num texto. Sempre que possível, o autor recomenta um cruzamento das duas técnicas.


Regra 2: "Não procures um tema, deixa que um tema te encontre"  Não vale a pena perseguir um tema, é preferível contar a história daquelas ideias que não nos saem da cabeça. Se houver temas que são verdadeiras ideias fixas, é sobre esses que devemos escrever. 



Regra 3: "Escreve sobre o que sabes" — Bellow costumava dizer que "a ficção é a mais nobre forma de autobiografia". Somos as maiores autoridades sobre as nossas vidas e as nossas emoções. Por que não escrever sobre isso?



Regra 4: "Nunca uses três palavras, quando uma for suficiente" — Sê tão conciso quanto possível.



Regra 5: "Escreve um diário de sonhos" — Anota todos os sonhos de que te lembrares. Nunca se sabe de onde possa vir a próxima ideia genial!



Regra 6: "O que não é dito é tão importante como o que é dito" — Por vezes, as grandes emoções, as grandes revelações, as grandes cenas, estão implícitas nos silêncios das personagens.


Regra 7: "O bloqueio de escritor é uma boa ferramenta" — Se não quiseres trabalhar, usa a desculpa perfeita de todos os escritores e diz que estás "bloqueado". Quem não sabe que a escrita não é um processo místico, pensará que os Deuses da escrita te abandonaram e que a tua musa inspiradora foi passar férias e serão solidários com o teu sentimento de perda.


Regra 8: "É segredo" — Muito bem guardado.



Regra 9: "Vive aventuras" — Sai da frente do motinor e vai ver o mundo. Aproveita ao máximo! Se perderes um rim numa rixa, melhor ainda.



Regra 10: "Revê, revê, revê" — Quantas mais, melhor. Não há como negá-lo.



Regra 11: "Não há regras" — Se toda a gente saltasse de uma ponte, fá-lo-ias? Claro que não! As únicas regras são aquelas que se aprende durante o longo, penoso e divertido processo de escrita.  

26 de setembro de 2012

Estranhar Pessoa

O ELAB (Laboratório de Estudos Literários Avançados da FCSH) e a Rede de Filosofia e Literatura (IFL, FCSH, e Programa em Teoria da Literatura, FLUL) anunciam o 5º Seminário Aberto do Projeto Estranhar Pessoa, dedicado a Assuntos Textuais, a realizar no próximos dias 11 e 12 de Outubro na Casa Fernando Pessoa. Este seminário tem o propósito de apresentar close readingsde textos de Pessoa seleccionados pelos respectivos leitores.

Para mais informações sobre o seminário e o projeto consulte o nosso site, estranharpessoa.org, ou contacte-nos usando o endereço de email estranharpessoa@gmail.com. Logo abaixo encontra-se o programa do seminário. As sessões são aberta a todos e de entrada livre.


DIA 11

10h-11.20h

Manuela Parreirada Silva, Elegia na Sombra

Steffen Dix, Mouth of Hell



11.30h-13h

Maria do Céu Estibeira, Ao encontro do gato que brinca na rua

Madalena Lobo Antunes, Tabacaria ou a metafísica de um falhado



14h-16h

Pedro Sepúlveda, No dia brancamente nublado

Humberto Brito, Coisas que não podem ser

Nuno Amado, De(s)compondo Horácio



16.30h-18h

Bartholomew Ryan, O Intervalo

Mariana Gray de Castro, Sobre rios, romantismos e revisitações: "Lisbon Revisited (1926)"

Miguel Tamen, Fogo Posto



DIA 12

10h-11.20h

Golgona Anghel, Da "[Inutilidade da crítica] (1)"

Silvina Rodrigues Lopes, Não há senão conjecturas, excepto que há verdade



11.30h-13h

João Figueiredo, Ascensão de Vasco da Gama

Rita Patrício, Apontamento



14h-15.15h

Jorge Uribe, O Provincianismo Português

Gustavo Rubim, Ordem e Progresso: a querela Reis/Campos sobre a distinção entre prosa e poesia



15.30h-17h

Fernando Cabral Martins, Gestos de Escrita

António M. Feijó, Daisy



23 de setembro de 2012

Campeãs imbatíveis

A poldra Awesome Feather continua imbatível com dez vitórias em dez corridas!

Após oito meses sem aparecer nas pistas, a poldra deu (mais) um show, mostrando que os seus tendões estão melhores que nunca. Venceu o Nasty Storm Stakes por mais de 11 comprimentos.

Esperemos que ela apareça na Breeders Cup...



Outra campeã que se destacou foi My Miss Aurelia. Foi a sua quinta vitória em cinco corridas!

A partida foi desastrosa, com a poldra a tropeçar após sair do portão, mas recuperou rapidamente, ganhando o Mandys Gold Stakes por três comprimentos.



Mais duas exibições dignas do Desporto de Reis!


17 de setembro de 2012

Até a Caminha cita Cervantes!

Sempre ouvi dizer aos mais cultos que telenovela era produto de fraca qualidade, feito por gente burra para gente ainda mais burra. As palavras podem não ser exactamente estas, mas já ouvi vezes suficientes pessoas a denegrirem o género.

Lá por ter visto muitas telenovelas na minha infância, não me sinto na obrigação de as defender, mas acho a generalização snob e sem sentido, o que me traz arrepios.

Defendo a liberdade de cada um usufruir do tipo de entretenimento que mais gosta, sem culpa nem vergonha. Acredito que todos os veículos – dos mais metafóricos aos mais simplistas – são meios de aprendizagem legítimos.

Várias obras literárias foram adaptadas para televisão, entre elas a "Gabriela" e a "Tieta" de Jorge Amado e o "Roque Santeiro" de Dias Gomes.

A actual "Avenida Brasil", embora não sendo ela mesma uma adaptação literária, está embebida em valores literários e pode ser vista como uma metáfora da abertura de espírito de personagens que não têm contacto habitual com a literatura.

Veja-se a personagem de Murilo Benício  um exemplo perfeito, uma metáfora do indivíduo pouco sofisticado que desenvolve o gosto pela leitura, após lhe ser dado um grande clássico da literatura mundial. 

Os livros que Nina (Débora Falabella) recomenda a Tufão (Murilo Benício) são, na verdade, mensagens subliminares (que lhe passam completamente despercebidas) para ele ver a realidade da sua vida; mas têm um efeito colateral interessante  a ex-estrela do futebol começa a interessar-se por livros.


O Tufão já leu:

A Metamorfose de Kafka;
Madame Bovary de Gustave Flaubert;
A Interpretação dos Sonhos de Freud;
Dom Casmurro de Machado de Assis;
O Primo Basílio de Eça de Queirós 


Quem já leu as ditas obras, certamente sorrirá com a ironia das escolhas e com a mensagem que Nina tenta desesperadamente passar ao seu patrão sobre a sua vida e sobre a sua esposa.

Pelo andar da carruagem – se eu pudesse dar a minha sugestão – emprestaria ao Tufão o Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago.

Numa telenovela contagiada (no bom sentido) pela cultura e pela literatura, até a Carminha cita Cervantes. Não acreditam?



Ou muito me engano, ou a Carminha tropeçou no Dom Quixote!


Um grande bem-haja ao autor João Emanuel Carneiro por não estupidificar o género. :)

15 de setembro de 2012

É tudo culpa da Rita!


Alguém acreditaria?

Rita/Nina (Débora Falabella) tem sido culpada de tudo o que de mau acontece à Carminha (Adriana Esteves) em "Avenida Brasil".

Mas quem é que tem mais razão de queixa? A Carminha (que está a ser chantageada e sofre humilhações constantes da Nina) ou a Nina (que foi abandonada num lixão pela Carminha quando era criança)?

Após o seu trauma de infância, Nina jurou que ia fazer a ex-madrasta pagar por tudo o que lhe tinha feito e está a cumprir o seu juramento. Mas os reais motivos por detrás do seu comportamento levantam questões, quanto a mim. Penso que a diferença entre a justiça e a vingança é bem menos ténue do que o que a personagem nos quer fazer crer. A justiça, ao contrário da vingança, apoia-se nas leis judiciais e é despojada de ódio e ressentimento.

A incapacidade de Nina em aceitar o que lhe aconteceu quando era criança e deixar o passado no passado gerou nela um ressentimento que se agravou com o passar dos anos. Creio que se agravou ainda mais quando ela foi trabalhar na mansão do Tufão e testemunhou as maldades que Carminha fazia com todos à sua volta. O "acerto de contas" da Nina é como um chão oco, falso que, quando ela coloca o pé, abate sob o peso do ódio num precipício sem retorno.

“Resentment is like drinking poison and then hoping it will kill your enemies.”
― Nelson Mandela

“An eye for an eye makes the whole world blind.”
― Mahatma Gandhi 

E é este o problema. Quando é que a Nina vai acordar e dizer para si própria 'acabou, agora posso ter paz. Vou viver a minha vida'. Nunca? Será que esta vingança só acaba com a morte de uma delas?

Se a Nina fosse uma heroína de banda desenhada, seria o Batman, tomando a justiça nas próprias mãos. O homem-morcego tem um passado muito sombriu por ter visto os seus pais terem sido assassinados, que explica o seu comportamento justiceiro um tanto ou quanto obsessivo, tal como a Nina.

A Web está cheia de inquéritos querendo saber por quem é que os telespectadores estão a torcer, se pela Nina ou pela Carminha. Já li vários comentários de pessoas tementes a Deus que acreditam que Nina não deveria seguir em frente com a sua vingança, pois só a Deus cabe fazer justiça. Outros acham que o que a Nina faz para conseguir as provas contra a sua arqui-inimiga é tão pouco ético que ela mesma se torna numa vilã. É inegável que a Nina joga pelas mesmas regras da Carminha, mas isso não quer dizer que ela não possa ser do Bem. Se há quem ache que a vingança da Nina roça o sadismo, outros há que afirmam que ela está a fazer a coisa certa.

Parte do 'projecto de vida' da Nina é tornar a Carminha numa pessoa melhor. Ela fez com que a patroa fosse mais generosa para com as empregadas e uma mãe melhor para a Ágata. Parece haver, paralelamente ao desejo de humilhar a Carminha, uma vontade sincera de reformar o carácter da Carminha, tornando-a uma pessoa melhor. Se a Nina tinha razão em querer fazer justiça, será que a perdeu, quando os seus comportamentos se começaram a assemelhar aos da Carminha? Que autoridade moral tem a Nina agora para exigir que a Carminha faça o que quer que seja?

Para além destas, outras perguntas me surgem na mente. A Carminha pode tornar-se uma pessoa melhor? Pelo que tenho visto, algures naquele labirinto de maldade, a Carminha ainda guarda alguma humanidade. Não, isto não é o meu hábito de querer ver humanidade nos monstros. Baseio-me em três momentos concretos:
  • o amor dela pelo Jorginho;
  • a atitude dela com a Nina - ultrapassando o seu primeiro instinto (que estava certo) de que ela não era de confiança. A verdade é que a Carminha confiou na Nina. E muito. E, para alguém como a Carminha dar tamanho voto de confiança, é muito significativo;
  • o quão perturbada ela ficou quando a Nina disse mal da mãe dela; a cozinheira acertou num nervo da patroa. 
A Carminha tem um sentido de humor muito próprio, que faz com que se tenha simpatia por ela, apesar de tudo, mas confesso que estes raros vislumbres de humanidade são viciantes. Estou sempre à espera de ver mais um. Penso que, tecnicamente, seria possível "transformar a Carminha numa pessoa melhor", mas nunca seria a Nina a conseguir isso.

Nina (a Justiceira das Nove) vs. Carminha (a Diva do Divino)


Voltando ao início, afinal de quem é a culpa de tudo ser como é?

Acho que a culpa é deles todos:

― do João Emanuel Carneiro, que escreve um texto sobrebo, como há muito eu já não via;

― da Débora Falabella, que me faz torcer para que a sua Nina encontre enfim a paz por que tanto anseia;

― da Adriana Esteves, que interpreta os seus dois papéis (dois, sim!) com a aquela mesma intensidade delicadda que eu já tinha visto em "Pedra sobre Pedra".

Ou, como diria o mestre Silva
Adriana Esteves merece o óscar? (✗) sim | (✗) claro | (✗) com certeza

Uma estreia aguardada...

"Já foi divulgada pela SIC a data de estreia da nova telenovela da noite... "Avenida Brasil".

[No ar desde 26 de Março no Brasil], esta superprodução da TV Globo vai chegar a Portugal no dia 24 de Setembro, (uma Segunda-feira).

Escrita por João Emanuel Carneiro e protagonizada por Adriana Esteves, Murilo Benício e Débora Falabella, "Avenida Brasil" tem batido recordes de audiência no Brasil, e é actualmente uma das novelas mais vistas dos últimos anos..."

Informação retirada do blog da Sic.