18 de dezembro de 2014

All We Need is Love

"A purpose of human life, no matter who is controlling it, is to love whoever is around to be loved."

Kurt Vonnegut – The Sirens of Titan



"What is love but acceptance of the other, whatever he is."

Anaïs Nin – A Literate Passion: Letters of Anaïs Nin & Henry Miller, 1932-1953




"Love is like a fever which comes and goes quite independently of the will… there are no age limits for love."

Stendhal 




"There is no safe investment. To love at all is to be vulnerable. Love anything, and your heart will certainly be wrung and possibly be broken. If you want to make sure of keeping it intact, you must give your heart to no one, not even to an animal. Wrap it carefully round with hobbies and little luxuries; avoid all entanglements; lock it up safe in the casket or coffin of your selfishness. But in that casket — safe, dark, motionless, airless – it will change. It will not be broken; it will become unbreakable, impenetrable, irredeemable. The alternative to tragedy, or at least to the risk of tragedy, is damnation. The only place outside Heaven where you can be perfectly safe from all the dangers and perturbations of love is Hell."

C. S. Lewis – The Four Loves




"Love can change a person the way a parent can change a baby — awkwardly, and often with a great deal of mess."

Lemony Snicket – Horseradish: Bitter Truths You Can’t Avoid




"Nothing is mysterious, no human relation. Except love."

Susan Sontag – As Consciousness Is Harnessed to Flesh: Journals and Notebooks




"Love is kind of like when you see a fog in the morning, when you wake up before the sun comes out. It’s just a little while, and then it burns away… Love is a fog that burns with the first daylight of reality."

Charles Bukowski




"Love looks not with the eyes, but with the mind."

Shakespeare – A Midsummer Night’s Dream




"Love, n. A temporary insanity curable by marriage."

Ambrose Bierce – The Devil’s Dictionary




"Love has nothing to do with what you are expecting to get — only with what you are expecting to give — which is everything."

Katharine Hepburn – Me: Stories of My Life




"Of all forms of caution, caution in love is perhaps the most fatal to true happiness."

Bertrand Russell – The Conquest of Happiness




"What is hell? I maintain that it is the suffering of being unable to love."

Fyodor Dostoyevsky – The Brothers Karamazov




"People sometimes say that you must believe in feelings deep inside, otherwise you’d never be confident of things like ‘My wife loves me’. But this is a bad argument. There can be plenty of evidence that somebody loves you. All through the day when you are with somebody who loves you, you see and hear lots of little tidbits of evidence, and they all add up. It isn’t purely inside feeling, like the feeling that priests call revelation. There are outside things to back up the inside feeling: looks in the eye, tender notes in the voice, little favors and kindnesses; this is all real evidence."

Richard Dawkins 




"Love is an untamed force. When we try to control it, it destroys us. When we try to imprison it, it enslaves us. When we try to understand it, it leaves us feeling lost and confused."

Paulo Coelho – The Zahir: A Novel of Obsession




"Love does not begin and end the way we seem to think it does. Love is a battle, love is a war; love is a growing up."

James Baldwin – The Price of the Ticket




"Anyone who falls in love is searching for the missing pieces of themselves. So anyone who’s in love gets sad when they think of their lover. It’s like stepping back inside a room you have fond memories of, one you haven’t seen in a long time."

Haruki Murakami – Kafka on the Shore




"Love does not consist of gazing at each other, but in looking outward together in the same direction."

Antoine de Saint-Exupéry – Airman’s Odyssey




"The more one judges, the less one loves."

Honoré de Balzac – Physiologie Du Mariage




"Love is a temporary madness, it erupts like volcanoes and then subsides. And when it subsides, you have to make a decision. You have to work out whether your roots have so entwined together that it is inconceivable that you should ever part. Because this is what love is. Love is not breathlessness, it is not excitement, it is not the promulgation of promises of eternal passion, it is not the desire to mate every second minute of the day, it is not lying awake at night imagining that he is kissing every cranny of your body. No, don’t blush, I am telling you some truths. That is just being “in love”, which any fool can do. Love itself is what is left over when being in love has burned away, and this is both an art and a fortunate accident."

Louis de Bernières – Corelli’s Mandolin




"You can transmute love, ignore it, muddle it, but you can never pull it out of you. I know by experience that the poets are right: love is eternal."

E. M. Forster – A Room with a View




"Love is the very difficult understanding that something other than yourself is real."

Iris Murdoch




"It is a curious thought, but it is only when you see people looking ridiculous that you realize just how much you love them."

Agatha Christie

13 de dezembro de 2014

Trechos do Desassossego (11)

Eu próprio não sei se este eu, que vos exponho, por estas coleantes páginas fora, realmente existe ou é apenas um conceito estético e falso que fiz de mim próprio. Sim, é assim. Vivo-me esteticamente em outro. Esculpi a minha vida como a uma estátua de matéria alheia a meu ser. Às vezes não me reconheço, tão exterior me pus a mim, e tão de modo puramente artístico empreguei a minha consciência de mim próprio. Quem sou por detrás desta irrealidade? Não sei. Devo ser alguém. E se não busco viver, agir, sentir, é - crede-me bem - para não perturbar as linhas feitas da minha personalidade suposta. Quero ser tal qual quis ser e não sou. Se eu cedesse destruir-me-ia. Quero ser uma obra de arte, da alma pelo menos, já que do corpo não posso ser.

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é esse o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Dizer! Saber dizer! Saber existir pela voz escrita e a imagem intelectual! Tudo isto é quanto a vida vale: o mais é homens e mulheres, amores supostos e vaidades factícias, subterfúgios da digestão e do esquecimento, gentes remexendo-se, como bichos quando se levanta uma pedra, sob o grande pedregulho abstracto do céu azul sem sentido.

Mais terrível de que qualquer muro, pus grades altíssimas a demarcar o jardim do meu ser, de modo que, vendo perfeitamente os outros, perfeitissimamente eu os excluo e mantenho outros. Escolher modos de não agir foi sempre a atenção e o escrúpulo da minha vida.

A renúncia é a libertação. Não querer é poder. [...] Somos todos míopes, excepto para dentro. Só o sonho vê com o olhar. [...] Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo? O universo não é meu: sou eu.


Bernardo Soares – Livro do Desassossego



8 de dezembro de 2014

El Quarteto Fantástico

Books Within Books about Books

Carlos Ruiz Zafón

Este homem escreveu uma série de romances sobre o único cemitério que eu daria um braço e uma perna para visitar: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Um enorme santuário, escondido dos comuns mortais, sob da cidade de Barcelona, onde todos os livros são salvos do esquecimento; um local mágico e misterioso onde só alguns "escolhidos" podem entrar. 





Este foi o primeiro livro que Zafón escreveu porque queria realmente fazê-lo. Foi assim que o autor descreveu o processo sob o qual apareceu A Sombra do Vento. Um romance que é uma mistura de história de detectives, aventuras juvenis, história de amor, fantasia e horror gótico. Desta mescla, desenha-se uma história com um enredo complexo e fascinante e irresistível para o leitor, que o faz descobrir ou re-descobrir algo sobre livros em cada uma das suas páginas.

Um livro resgatado do esquecimento eterno, um vilão que fuma cigarros enrolados em páginas dos livros que confisca, um polícia corrupto, um soldado alcoólico – que combateu na Guerra Civil Espanhola – salvo pelo jovem protagonista, a redenção de um escritor maldito, etc., estes são ingredientes encantadores para um livro como A Sombra do Vento. Um livro sobre livros, sobre o poder da leitura, sobre os leitores, sobre a magia que é a literatura, sobre o feitiço que ela lança sobre nós e sobre a forma como ela nos transforma. 

A crítica literária caracteriza este romance como um Bildungsroman, ou seja, um romance de formação, que acompanha o jovem protagonista Daniel Sempere desde menino até à idade adulta. Sendo este livro sobre a própria literatura, há que prestar-lhe homenagem lendo-o com todo o vagar, marcando as nossas passagens favoritas, relendo-as até as sabermos de cor… 

A Sombra do Vento é um livro dentro de um livro, visto ser o título do livro pelo qual Daniel Sempere se apaixona, após resgatá-lo do recôndito Cemitério dos Livros Esquecidos. Nunca percebemos exactamente o motivo pelo qual Daniel gosta tanto do livro da autoria de Julián Carax, mas também não é um dado fundamental para que a narrativa seja bem-sucedida. 

Neste romance em que o vento assobia como se de uma pessoa se tratasse, há alguns factos que são perdoáveis (dada a extraordinária prosa do autor), como a verdadeira identidade de Laín Coubert. Nunca tive dúvidas de quem se tratava realmente esta misteriosa e soturna personagem.

Acima de tudo, esta é a história de como Daniel Sempere se transforma por completo após a sua primeira visita ao Cemitério dos Livros Esquecidos; esse é o dia em que ele se despede da sua meninice e se transforma num homem. É nesse da que ele se começa a preocupar com algo exterior a si próprio – um livro – e a protegê-lo com a sua própria vida contra o Diabo.  Desde aí, a coragem de Daniel de enfrentar os demónios do seu ídolo e a sua bravura em enfrentar Fumero, salva-o de uma morte certa, (física e espiritual) bem como ao seu ídolo Carax.




Segundo o seu autor, este é o romance mais estranho e sombrio da tetralogia. É um livro sobre um idealismo que, de tão desesperado e por tanto embater na crueldade do mundo, como uma onda contra uma rocha, se estilhaça e acaba por sacrificar o coração que habita. É isto que acontece ao protagonista David Martín, um jovem escritor traído pelo seu melhor amigo, apaixonado pela mulher errada e desesperado por escrever o melhor livro jamais existente na história da literatura. Andreas Corelli, um misterioso editor parisiense, está de olho no jovem escritor de Barcelona e consegue convencê-lo a escrever um livro que irá mudar para sempre a face da literatura. Mas por que preço?

Grandes Esperanças de Dickens tem um papel preponderante neste romance e tem alguns elementos em comum com ele: a ambição e o desejo do indivíduo se aperfeiçoar. David Martín sobrevive sob um pseudónimo como autor de histórias serializadas e é amado pelo seu público. Quando re-escreve o livro do seu mentor é adorado pela crítica literária. Quando escreve um romance sob o seu próprio nome é odiado por todos. As lutas de um escritor nada têm de justas, bem se sabe! Quando Martín está nas suas últimas forças, Corelli aparece para lhe fazer "uma proposta que ele não pode recusar". Quem é este enigmático editor? Será um anjo? Ou o próprio Diabo?

Este livro tem várias leituras, várias interpretações e abre várias portas no nosso pensamento. Mas uma pergunta importante fica no ar no final do romance: este facto faustiano é para ser levado à letra ou é para ser entendido como uma metáfora sobre a inerente loucura do nosso protagonista?

À parte do próprio romance, a ideia de um editor acercar-se de um escritor jovem e ambicioso e convidá-lo a escrever um livro que faça com que as pessoas se queiram matar umas às outras e se queiram sacrificar por uma nova religião, faz-me lembrar aquele maldito austríaco com aquele bigode rizível que escreveu aquele livro… bem, vocês sabem, que mergulhou o mundo na Segunda Guerra Mundial.



3 de dezembro de 2014

How does one find true happiness?

"Spinozistic philosophy maintains that while there is nothing wrong with human emotions as such, they can interfere with higher forms of cognitive processes. When an emotion is provoked by an external cause and is not properly reasoned through it can distract us from understanding the truth about said external cause by adding a personal element to an objective occurrence. One of the ultimate goals of Spinozistic philosophy is to achieve true happiness, happiness that is found through an intellectual pursuit of the mind instead of any fictional happiness that can temporarily arise from materialistic gains. For Spinoza happiness can be found only through freedom, the freedom that we can experience when we’re no longer controlled by our emotions and by our human ignorance. If we allow ourselves to merely react when an external force happens to elicit our uncontrolled emotions, we submit ourselves to forces that are ultimately beyond our control."


Josef Steiff –– Sherlock Holmes and Philosophy: The Footprints of a Gigantic Mind 

28 de novembro de 2014

You’re misunderstood, Charlie Brown!



Charlie Brown está a passear com um capacete na cabeça enquanto Lucy o segue. O cenário é  suficientemente inocente: parece que as duas crianças estão a brincar. Mas, quando Lucy entende mal o que Charlie Brown está a dizer em "marciano", a diversão entre os dois termina. Charlie Brown vira-lhe as costas e Lucy fica ofendida por achar que  ele estava a gritar com ela. Não escutar o outro é a causa de tantos mal-entendidos entre as pessoas (jovens e adultos). Lucy estava a ouvir Charlie Brown através do capacete, mas como foi incapaz de entender o que ele dizia, gritou-lhe. Um grito que ofendeu o rapaz e que o fez virar-lhe as costas. O mal-entendido entre eles não foi resolvido, assim como muitas questões ficam por resolver entre pessoas que se sentem demasiado ofendidas por um insulto imaginário para tentar resolver as suas diferenças. Todos nós vemos situações como esta desenrolarem-se diante dos nossos olhos. Como se as ofensas reais não fossem suficientemente ruins, as ofensas imaginárias podem destruir relacionamentos por completo, se ninguém tiver o bom senso de esclarecer esses mal-entendidos.

23 de novembro de 2014

Pick and Choose

"Do not tell everyone your story. You will only end up feeling more rejected. People cannot give you what you long for in your heart."

Henri J. M. Nouwen – The Inner Voice of Love

18 de novembro de 2014

13 de novembro de 2014

O Veículo da Existência

Que somos nós? Navios que passam um pelo outro na noite,
Cada um a vida das linhas das vigias iluminadas
E cada um sabendo do outro só que há vida lá dentro e mais nada.
Navios que se afastam ponteados de luz na treva,
Cada um indeciso diminuindo para cada lado do negro

Tudo mais é a noite calada e o frio que sobe do mar.




Saí do comboio,
Disse adeus ao companheiro de viagem
Tínhamos estado dezoito horas juntos..
A conversa agradável
A fraternidade da viagem.
Tive pena de sair do comboio, de o deixar.
Amigo casual cujo nome nunca soube.
Meus olhos, senti-os, marejaram-se de lágrimas...
Toda despedida é uma morte...
Sim toda despedida é uma morte.
Nós no comboio a que chamamos a vida
Somos todos casuais uns para os outros,
E temos todos pena quando por fim desembarcamos.
Tudo que é humano me comove porque sou homem.
Tudo me comove porque tenho,
Não uma semelhança com ideias ou doutrinas,
Mas a vasta fraternidade com a humanidade verdadeira.
A criada que saiu com pena
A chorar de saudade
Da casa onde a não tratavam muito bem...
Tudo isso é no meu coração a morte e a tristeza do mundo.
Tudo isso vive, porque morre, dentro do meu coração.
E o meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.


–– Álvaro de Campos


3 de novembro de 2014

How Lady met the Tramp

Os cães por detrás das personagens




A história por detrás deste filme é fascinante. Sendo uma das melhores películas alguma vez produzidas por Walt Disney, Lady and The Tramp ("A Dama e o Vagabundo") não é um conto de fadas, mas sim uma história original. A ideia partiu de Joe Grant, um dos homens de confiança de Disney, que se baseou na sua vida pessoal para contar a história de uma cadelinha que é adorada pelos seus donos até o aparecimento de um bebé a afastar das atenções dos humanos. Combinada com um conto que Disney leu na revista Cosmoplitan – quando esta ainda era uma revista literária – chamado "Happy Dan, the Whistling Dog", a história deu lugar ao filme que todos conhecemos hoje. Ward Greene, autor do conto, acabou por ser contratado por Disney para escrever a novelização da história, publicada dois anos antes do filme estrear em Junho de 1955.







Milt Kahl animou as primeiras cenas do Vagabundo quando o público o conhece. 





Frank Thomas animou o Joca, e a Dama com o Vagabundo (naquela icónica cena em que os dois cães comem esparguete com almôndegas) 



Como em muitos outros filmes dos estúdios Disney, "A Dama e o Vagabundo" também usou modelos vivos para os animadores estudarem toda a parte técnica, como a estrutura e os movimentos. Dois cães serviram de modelos para os protagonistas do filme. A Dama teve dois modelos vivos. Duas Cocker Spaniels – uma pertencente ao co-realizador Hamilton Lanske e outra que a atriz Verna Felton trouxe para o estúdio.

Já o modelo vivo para o Vagabundo foi mais difícil de encontrar. Um dos argumentistas do estúdio viu um cão rafeiro passar por ele e ficou encantado com o animal. O cãozinho era perfeito para servir de modelo. Contudo, o cão desapareceu e o argumentista passou muito tempo à sua procura. Ao fim de muito tempo, o cão misterioso foi encontrado no canil municipal e foi aí que ele descobriu que o cão era, de facto, uma cadelinha que estava a horas da sua "última viagem". Escusado será dizer que a cadelinha viveu muitos e bons anos ao cuidado de Walt Disney, algures na Disneylândia.




Esta é a cena em que os dois cães de dois mundos diferentes se conhecem. Un início nada românticos ao contrário do final do filme!

Disclaimer: Written for love, not for profit. Lady and the Tramp does not legally belong to me. It belongs to: Walt Disney Productions who produced it and to Buena Vista Film Distribution Company, who aired it. 

Tramp arrived just in time to hear the conversation, and when he took a better look at Lady, he decided to stay. “Just a cute little bundle... of troubles.” Tramp chuckled, waking into Lady’s yard. The three dogs looked back. Jock and Trusty looked at each other: the friends took an immediate dislike for the unknown mongrel. “Yes, they scratch, pinch, pull ears. Ah, but shucks, any dog can take that. It’s what they do to your happy home,” the Tramp said, sitting right on Jock, before pushing him away to be alone with Lady. “Move it over, will ya friend?” Then, he felt it was his duty to warn this beautiful stranger about the havoc that awaited her. “Home wreckers, that’s what they are!” Jock placed himself between the mongrel and his friend, not wanting anything bad to happen to her. “Look here laddie, who are you to barge in-?” “The voice of experience, buster.” The Tramp said, dismissing him again to focus on the lovely female dog. He sat next to her to explain how her world was about to change... for the worst: “Just wait till Junior gets here. You get the urge for a nice comfortable scratch and: ‘put that dog out. He’ll get fleas all over the baby’. You start barking at some strange mutt... ‘Stop that racket, you’ll wake the baby’. And then they hit you in the room and board department. Remember those nice juicy cuts of beef? Forget ‘em. Leftover baby food. And that nice warm bed by the fire? A leaky doghouse.” “Oh dear.” Lady groaned. She was very troubled by the strange dog’s revelations. Having seen her humans treating her so strangely lately, it could get a lot worse when the baby came. “Do not listen, lassie. No human is that cruel!” Jock argued, moving closer to her again. Trusty agreed with Jock. “Of course not, Miss Lady. Why, everybody knows a dog’s best friend is his human.” The Tramp rolled around, laughing at their utter naiveté. “Oh come now, fellas. You haven’t fallen for that old line, now have ya?” “Awe, and we’ve no need for mongrels and their r-r-r-r-r-r-radical ideas.” Jock growled, fed up with the stranger’s presence. “Off with ya, now! Off with ya! Off with ya,” he barked. “Okay, Sandy,” the Tramp replied, realizing it was time to leave. “The name's Jock,” he barked, becoming increasingly infuriated. “Okay, Jock!” The Tramp said, trying to end the conversation. But the little Scottie didn’t take his veiled apology and added: “Heather Lad O' Glencairn to you!” “Okay, okay, okay!” The Tramp realized that the only way to end the conflict was for him to leave the garden, and that's exactly what he did, but not before he gave that beautiful dog a last piece of advice. “But remember this, pigeon. A human heart has only so much room for love and affection. When a baby moves in... the dog moves out.” His inflection changed his words from simple to threatening, and she felt an immense horror run through her entire body, making her fur bristle. 

29 de outubro de 2014

Waking Sleeping Beauty

Vivemos tempos difíceis em que os computadores parecem fazer arte sozinhos e em que os filmes mais populares são animados diante de um pc. Apesar de serem terrivelmente bem sucedidos, não me identifico minimamente com aquelas imagens para ver mas de uma hora de filme.

A maioria das pessoas da minha geração cresceu com aquilo a que se veio a designar de "Renascença da Disney".




Muitas vezes, pensei como seria estar nos estúdios da Disney, nos tempos em que se produziram os seus melhores filmes. Para alguém como eu, que (num dia bom) desenha figuras lineares, os filmes animados da Disney são, de facto, Arte. O documentário "Waking Sleeping Beauty", realizado por Don Hahn (produtor do "Rei Leão") e protagonizado pelos intervenientes daquelas duas loucas décadas de 80 e 90 conta a história desta "Renascença". 


No final dos anos 70, os filmes animados ainda estavam sob supervisão da equipa de animadores dos anos 40, a quem Walt Disney designava de "Nine Old Men". Apesar do seu talento, os filmes eram medíocres e o estúdio estava moribundo. Estes artistas estavam a treinar a nova geração que os iria substituir nas décadas que se seguiriam.  



Quando Michael Eisner e Frank Wells tomaram as rédeas da lendária empresa, a maioria dos artistas ficou expectante com o futuro da empresa e, sobretudo, com o futuro da animação em 2-D. O total fracasso de um filme chamado "The Black Cauldron" foi o projecto que fez a empresa 'bater no fundo'. isso e o facto de os animadores terem sido expulsos do estúdio de animação por um presidente ansioso por encher o edifício com estrelas de verdade.



Terá sido este momento que despoletou um dos artistas de revolucionarem a animação dos estúdios Disney? O ambiente entre os artistas modificou-se de forma radical e a qualidade dos filmes iniciou uma curva ascendente com "The Great Mouse Detective", "Who Framed Roger Rabbit" e "Oliver & Company".



O primeiro de todos os mega-sucessos dos anos 80, foi "The Little Mermaid". Neste filme, também se estrearam o compositor Alan Menken e o letrista Howard Ashman – o dueto que compôs as músicas da nossa infância. O filme tem histórias famosas como aquela em que o presidente do estúdio, Jeffrey Katzenberg, (o produtor de sucessos como "Good Morning, Vietnam" e "Dead Poets Society") decidiu que 'Part of Your World' seria retirada do filme foi ser uma canção "aborrecida" e abrandar a ritmo do filme… Ainda bem que isso nunca aconteceu!


"Beauty and the Beast" também teve os seus problemas, mas acabou por ser o filme mais bem sucedido do seu tempo, com conquistas nos Globos de Ouro e até uma nomeação para o Óscar de melhor filme de 1991. Infelizmente, esse foi também o ano em que todos perdemos o génio que era Howard Ashman… 

"Aladdin" foi um retumbante sucesso de bilheteira – 217 milhões de dólares só nos Estados Unidos. Era um filme muito diferente dos anteriores, que continha mais comédia e piadas visuais e, claro, a participação de Robin Williams, que improvisou várias das suas deixas, como o Génio só ajudou. O filme teve sequelas e spin-offs.

"The Lion King" foi o mais grandioso de todos os filmes, arrecadando 40.900 mil dólares só de começo. Sim, o filmezinho que ninguém queria fazer tornou-se o maior filme da Disney da década de 90. Grande parte do sucesso da película deve-se ao Bardo, pelo seu Hamlet

Porque é que o ciclo de mega-sucessos terminou aqui? Bem, há várias hipóteses possíveis, mas a que o documentário avança é que a 'tempestade perfeita' que criou este ambiente e que fomentou estes clássicos da "Renascença" se transformou numa tempestade de egos descontrolada, reflectindo-se nos filmes que se seguiram ao "Rei Leão". 

Este é um documentário fabuloso que não se limita a uns camaradas de profissão que se juntam para se congratularem pelos seus sucessos passados, mas sim a um grupo de pessoas, sob a direcção de Don Hahn, que falam sem pudor sobre o passado dos estúdios de animação Disney e sobre o seu papel na "Renascença da Disney".

Vale a pena ver!


24 de outubro de 2014

Cramps


Liz's change is noticeable. Everyone can see it, especially Maria. It's not as strange as it seems, I guess. After being nearly killed by an errant bullet, people do change. A near-death experience gives those who come out of it a renewed sense of urgency. Liz wanted to live her life freely, to get involved with Max, even… to be near him, at least. Nobody really seems to understand that sense of urgency.



Meanwhile, Alex is angry. Very angry for being lied to by the people he considers his best friends. He has learned of the shooting and Maria's fake running-over, and asks Liz for the truth. We all know that Liz would love to tell him the truth, but she knows she can't let anyone else into this secret.

Maria to the rescue! Yes, our favourite little sidekick knows just what to say to deflect the danger from Liz and provide Alex with some explanation for the insanity he's living in.

Granted, the lie isn't all that convincing, but Maria is better than Liz at improvising, and Alex is grossed out enough to get out of there satisfied with Maria's explanation. For now, anyway.



Disclaimer: Written for love, not for profit. The characters do not legally belong to me. They belong to: Melinda Metz and Laura Burns who created them, Jason Katims who developed them, 20th Century Fox Television and Regency Television who produced them and the WB and UPN who broadcasted them.


Images taken from Google search.

     As she walked into the Crashdown, Liz saw Maria and, right away, she could tell that something was seriously wrong. It wasn’t like Liz to skip her duties. “Where have you been,” Maria asked her. “I need you to cover for me.” Liz said, walking as fast as she could out of earshot. “When?” “Tonight.” Liz said, turning around. “Oh, no. It's a zoo!” Maria replied. The restaurant was in full capacity. How could Liz think of skipping her shift, Maria thought. One customer turned around and said in an angry tone: “Excuse me, I’ve been waiting for my hot fudge blast off for like 20 minutes.” Maria mumbled to her friend: “Yeah, like you need 80 grams of fat.” Then, going back to the crisis at hand, she continued: “OK, so one trip to the eraser room and you’re like above working? Go get your uniform on, Madonna. The masses are demanding alien-themed, greasy food and by God, it’s our job to serve it to them.” She took Liz’s arm, hoping to guide her to the back room, so she could get her uniform on and get to work, but her friend would have none of it. “No look, Maria, this is really important. I promise I will tell you everything later. You’re the best, but right now I’ve gotta go.” Maria threw her hands up in the air, not wanting to believe what she had just heard from her best friend.
     As Liz walked away from Maria, she was stopped by her buddy Alex. She stopped in her tracks, having been so distracted, she hadn’t even seen him standing there. And, in a second, her urgency to leave abandoned her. Even before he started talking, Liz could see that he was angry at her. Angry for being lied to. “OK, I want some answers, all right? Because first of all, there are rumors going around that last week you were shot here in the café. And then at the crash festival you were seemingly run over by a car, but then you weren’t.” He added, pointing at Maria, who had joined her friends. “And every time I walk up to you two, you go silent or make up some ridiculous story about Czechoslovakia, which is a country that has not existed for 10 years! So I want the truth, and I want it now!” Maria glanced at Liz, wondering what she would do. She sensed her inner turmoil – it wasn’t easy for Liz to lie to Alex like that, she wanted nothing more than telling him what was going on... But she couldn’t. “Alex, the reason that we keep on changing the subject is...” Liz started. “Cramps. We have cramps, Alex.” Maria said, hoping to avoid an unwilling confession from her best friend. Liz thanked her, silently. She wasn’t sure why Maria had said that word, but she just ran with the story. “Yeah, and we didn’t even want to talk about it in front of you because we thought it would make you feel really uncomfortable.” “But if you really want to know, we can tell you,” Maria said. “In really excruciating detail.” Liz added. It was all too much for Alex. No way did he want this to go any further. “No!” He cried, making his friends jump up in surprise. Then, he added, lowering his voice again. “I’m eating.” Alex walked away from his friends. They had convinced him. For now, anyway.



WE WANTTO BELIEVE!
                                                              

18 de outubro de 2014

The Value of Books

"Books are good enough in their own way, but they are a mighty bloodless substitute for life."

Robert Louis Stevenson

13 de outubro de 2014

Trechos do Desassossego (10)

Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades. Conhecendo o que tem sido a minha vida até hoje - tantas vezes e em tanto o contrário do que eu a desejara -, que posso presumir da minha vida de amanhã senão que será o que não presumo, o que não quero, o que me acontece de fora, até através da minha vontade? Nem tenho nada no meu passado que relembre com o desejo inútil de o repetir. Nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim. O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se o não fizerem ali?

Cada qual tem o seu álcool. Tenho álcool bastante em existir. Bêbado de me sentir, vagueio e ando certo. Se são horas, recolho ao escritório como qualquer outro. Se não são horas, vou até ao rio fitar o rio, como qualquer outro. Sou igual. E por detrás de isso, céu meu, constelo-me às escondidas e tenho o meu infinito.

Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. O onanista é abjecto, mas, em exacta verdade, o onanista é a perfeita expressão lógica do amoroso. É o único que não disfarça nem se engana. As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha’ complexidade. No próprio acto em que nos conhecemos, nos desconhecemos. Dizem os dois "amo-te" ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia diferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstracta de impressões que constitui a actividade da alma.

Reina quem não está entre os vulgares. Afinal, isto bem me contentaria se eu conseguisse persuadir-me que esta teoria não é o que é, um complexo barulho que faço aos ouvidos da minha inteligência, quase para ela não perceber que, no fundo, não há senão a minha timidez, a minha incompetência para a vida.


Bernardo Soares – Livro do Desassossego



9 de outubro de 2014

A master in the art of living


"A master in the art of living draws no sharp distinction between his work and his play; his labor and his leisure; his mind and his body; his education and his recreation. He hardly knows which is which. He simply pursues his vision of excellence through whatever he is doing, and leaves others to determine whether he is working or playing. To himself, he always appears to be doing both." 

— François René Auguste Chateaubriand

4 de outubro de 2014

Focus on Your Passions

“Everyone will not favor you or respect your beliefs, passion and purpose – so be it. But do not allow the views of others to hinder your quest. Remain steadfast.”


― Terry O'Neal

29 de setembro de 2014

Talent vs. Genius

"Talent is largely inborn, and in a given field some people have it to a far higher degree than others. Still, in the end talent is not enough to push you to the highest achievements. Genius has to be founded on major talent, but it adds a freshness and wildness of imagination, a raging ambition, an unusual gift for learning and growing, a depth and breadth of thought and spirit, an ability to make use of not only your strengths but also your weaknesses, an ability to astonish not only your audience but yourself."


Beethoven, anguish and triumph – Jan Swafford

24 de setembro de 2014

Ismael against Racism

"And what is it, thought I, after all! It's only his outside; a man can be honest in any sort of skin." 

Herman Melville – Moby Dick 

19 de setembro de 2014

Legais e Desiguais

Com o (caótico) início de mais um ano lectivo, verifica-se mais uma alteração que visa dificultar a vida aos alunos.

Estou a pensar especificamente nos alunos universitários que começam uma nova fase das suas vidas académicas.

A lei da cópia privada foi aprovada no parlamento. E, mais uma vez, são os consumidores que serão prejudicados.

Esta lei absurda (já lá irei) visa taxar todos os aparelhos com memória para armazenar informação (telemóveis, tablets, computadores, ipods, ipads, etc.) e cobrar esse imposto (chamemos as coisas pelos nomes) aos consumidores. 

Por que motivo é que acho isto ridículo? Dou-vos um exemplo: imaginem um aluno universitário de literatura inglesa e alemã. Este jovem irá ter várias obras estrangeiras para ler. Assumindo que tudo se faz na Internet nos dias de hoje, ele irá adquirir um equipamento para comprar e armazenar as obras que terá para ler durante o seu curso. Comprará os livros na Amazon, mas não sem antes pagar um imposto por esse equipamento que (em teoria, pelo menos) foi desenhado para compensar os autores de conteúdos portugueses. Para fazer os trabalhos para a faculdade, terá de comprar um computador, pelo qual também terá de pagar o imposto (ainda que os conteúdos desse computador tenham sido criados por ele mesmo). Já para não falar do iPod que leva para a faculdade, cheio de música (estrangeira) comprada no iTunes. 

Agora digam-me lá, perante um cenário destes, em que nenhum autor português está envolvido de todo, faz algum sentido que este jovem aluno universitário pague pela lei da cópia privada e que esses dividendos vão parar às mãos dos donos errados? Ou será que também os distribuem pelos autores estrangeiros? E como é que  esses senhores sabem que obras foram compradas para compensarem os autores certos?

Isto é a proposta do Governo:

  • Telemóvel com capacidade de memória de 8 GB: 0,96 euros;
  • tablet com capacidade de memória de 16 GB: 1,92 euros;
  • computador ou disco externo com 1 TB de capacidade: 4 euros;
  • cartão de memória ou pen/USB com 16 GB de capacidade: 0,256 euros

A lei diz que para que o consumidor possa fazer uma cópia de qualquer conteúdo tem de pagar pelo direito de a copiar. Até aqui, tudo bem. Mas cobrar – seja o que for – aos consumidores por aparelhos adquiridos não tem pés nem cabeça. Não é justo aplicar um imposto geral e abstracto aos consumidores portugueses, especialmente tendo em conta a nossa actual carga fiscal.

O único beneficiário desta lei é, como é óbvio, a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), não os reais autores de conteúdos.

Quem perde é a economia portuguesa e o Zé Povinho, para não variar.

13 de setembro de 2014

Falhados e Imperadores

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade.
O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.
Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito à mesa de depois?
Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?
Quantos Césares fui!
Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!

Quantos Césares fui!



Quase sem querer (se o soubéssemos!) os grandes homens saindo dos homens vulgares
O sargento acaba imperador por transições imperceptíveis
Em que se vai misturando
O conseguimento com o sonho do que se consegue a seguir
E o caminho vai por degraus visíveis, depressa.
Ai dos que desde o principio vêem o fim!
Ai dos que aspiram a saltar a escada!
O conquistador de todos os impérios foi sempre ajudante de guarda-livros
A amante de todos os reis — mesmo dos já mortos — é mãe séria e carinhosa,
Se assim como vejo os corpos por fora, visse as almas por dentro.
Ah, que penitenciaria os Anjos!
Que manicómio o sentido da vida!


–– Álvaro de Campos