18 de dezembro de 2014

All We Need is Love

"A purpose of human life, no matter who is controlling it, is to love whoever is around to be loved."

Kurt Vonnegut – The Sirens of Titan



"What is love but acceptance of the other, whatever he is."

Anaïs Nin – A Literate Passion: Letters of Anaïs Nin & Henry Miller, 1932-1953




"Love is like a fever which comes and goes quite independently of the will… there are no age limits for love."

Stendhal 




"There is no safe investment. To love at all is to be vulnerable. Love anything, and your heart will certainly be wrung and possibly be broken. If you want to make sure of keeping it intact, you must give your heart to no one, not even to an animal. Wrap it carefully round with hobbies and little luxuries; avoid all entanglements; lock it up safe in the casket or coffin of your selfishness. But in that casket — safe, dark, motionless, airless – it will change. It will not be broken; it will become unbreakable, impenetrable, irredeemable. The alternative to tragedy, or at least to the risk of tragedy, is damnation. The only place outside Heaven where you can be perfectly safe from all the dangers and perturbations of love is Hell."

C. S. Lewis – The Four Loves




"Love can change a person the way a parent can change a baby — awkwardly, and often with a great deal of mess."

Lemony Snicket – Horseradish: Bitter Truths You Can’t Avoid




"Nothing is mysterious, no human relation. Except love."

Susan Sontag – As Consciousness Is Harnessed to Flesh: Journals and Notebooks




"Love is kind of like when you see a fog in the morning, when you wake up before the sun comes out. It’s just a little while, and then it burns away… Love is a fog that burns with the first daylight of reality."

Charles Bukowski




"Love looks not with the eyes, but with the mind."

Shakespeare – A Midsummer Night’s Dream




"Love, n. A temporary insanity curable by marriage."

Ambrose Bierce – The Devil’s Dictionary




"Love has nothing to do with what you are expecting to get — only with what you are expecting to give — which is everything."

Katharine Hepburn – Me: Stories of My Life




"Of all forms of caution, caution in love is perhaps the most fatal to true happiness."

Bertrand Russell – The Conquest of Happiness




"What is hell? I maintain that it is the suffering of being unable to love."

Fyodor Dostoyevsky – The Brothers Karamazov




"People sometimes say that you must believe in feelings deep inside, otherwise you’d never be confident of things like ‘My wife loves me’. But this is a bad argument. There can be plenty of evidence that somebody loves you. All through the day when you are with somebody who loves you, you see and hear lots of little tidbits of evidence, and they all add up. It isn’t purely inside feeling, like the feeling that priests call revelation. There are outside things to back up the inside feeling: looks in the eye, tender notes in the voice, little favors and kindnesses; this is all real evidence."

Richard Dawkins 




"Love is an untamed force. When we try to control it, it destroys us. When we try to imprison it, it enslaves us. When we try to understand it, it leaves us feeling lost and confused."

Paulo Coelho – The Zahir: A Novel of Obsession




"Love does not begin and end the way we seem to think it does. Love is a battle, love is a war; love is a growing up."

James Baldwin – The Price of the Ticket




"Anyone who falls in love is searching for the missing pieces of themselves. So anyone who’s in love gets sad when they think of their lover. It’s like stepping back inside a room you have fond memories of, one you haven’t seen in a long time."

Haruki Murakami – Kafka on the Shore




"Love does not consist of gazing at each other, but in looking outward together in the same direction."

Antoine de Saint-Exupéry – Airman’s Odyssey




"The more one judges, the less one loves."

Honoré de Balzac – Physiologie Du Mariage




"Love is a temporary madness, it erupts like volcanoes and then subsides. And when it subsides, you have to make a decision. You have to work out whether your roots have so entwined together that it is inconceivable that you should ever part. Because this is what love is. Love is not breathlessness, it is not excitement, it is not the promulgation of promises of eternal passion, it is not the desire to mate every second minute of the day, it is not lying awake at night imagining that he is kissing every cranny of your body. No, don’t blush, I am telling you some truths. That is just being “in love”, which any fool can do. Love itself is what is left over when being in love has burned away, and this is both an art and a fortunate accident."

Louis de Bernières – Corelli’s Mandolin




"You can transmute love, ignore it, muddle it, but you can never pull it out of you. I know by experience that the poets are right: love is eternal."

E. M. Forster – A Room with a View




"Love is the very difficult understanding that something other than yourself is real."

Iris Murdoch




"It is a curious thought, but it is only when you see people looking ridiculous that you realize just how much you love them."

Agatha Christie

13 de dezembro de 2014

Trechos do Desassossego (11)

Eu próprio não sei se este eu, que vos exponho, por estas coleantes páginas fora, realmente existe ou é apenas um conceito estético e falso que fiz de mim próprio. Sim, é assim. Vivo-me esteticamente em outro. Esculpi a minha vida como a uma estátua de matéria alheia a meu ser. Às vezes não me reconheço, tão exterior me pus a mim, e tão de modo puramente artístico empreguei a minha consciência de mim próprio. Quem sou por detrás desta irrealidade? Não sei. Devo ser alguém. E se não busco viver, agir, sentir, é - crede-me bem - para não perturbar as linhas feitas da minha personalidade suposta. Quero ser tal qual quis ser e não sou. Se eu cedesse destruir-me-ia. Quero ser uma obra de arte, da alma pelo menos, já que do corpo não posso ser.

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é esse o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Dizer! Saber dizer! Saber existir pela voz escrita e a imagem intelectual! Tudo isto é quanto a vida vale: o mais é homens e mulheres, amores supostos e vaidades factícias, subterfúgios da digestão e do esquecimento, gentes remexendo-se, como bichos quando se levanta uma pedra, sob o grande pedregulho abstracto do céu azul sem sentido.

Mais terrível de que qualquer muro, pus grades altíssimas a demarcar o jardim do meu ser, de modo que, vendo perfeitamente os outros, perfeitissimamente eu os excluo e mantenho outros. Escolher modos de não agir foi sempre a atenção e o escrúpulo da minha vida.

A renúncia é a libertação. Não querer é poder. [...] Somos todos míopes, excepto para dentro. Só o sonho vê com o olhar. [...] Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo? O universo não é meu: sou eu.


Bernardo Soares – Livro do Desassossego



8 de dezembro de 2014

El Quarteto Fantástico

Books Within Books about Books

Carlos Ruiz Zafón

Este homem escreveu uma série de romances sobre o único cemitério que eu daria um braço e uma perna para visitar: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Um enorme santuário, escondido dos comuns mortais, sob da cidade de Barcelona, onde todos os livros são salvos do esquecimento; um local mágico e misterioso onde só alguns "escolhidos" podem entrar. 





Este foi o primeiro livro que Zafón escreveu porque queria realmente fazê-lo. Foi assim que o autor descreveu o processo sob o qual apareceu A Sombra do Vento. Um romance que é uma mistura de história de detectives, aventuras juvenis, história de amor, fantasia e horror gótico. Desta mescla, desenha-se uma história com um enredo complexo e fascinante e irresistível para o leitor, que o faz descobrir ou re-descobrir algo sobre livros em cada uma das suas páginas.

Um livro resgatado do esquecimento eterno, um vilão que fuma cigarros enrolados em páginas dos livros que confisca, um polícia corrupto, um soldado alcoólico – que combateu na Guerra Civil Espanhola – salvo pelo jovem protagonista, a redenção de um escritor maldito, etc., estes são ingredientes encantadores para um livro como A Sombra do Vento. Um livro sobre livros, sobre o poder da leitura, sobre os leitores, sobre a magia que é a literatura, sobre o feitiço que ela lança sobre nós e sobre a forma como ela nos transforma. 

A crítica literária caracteriza este romance como um Bildungsroman, ou seja, um romance de formação, que acompanha o jovem protagonista Daniel Sempere desde menino até à idade adulta. Sendo este livro sobre a própria literatura, há que prestar-lhe homenagem lendo-o com todo o vagar, marcando as nossas passagens favoritas, relendo-as até as sabermos de cor… 

A Sombra do Vento é um livro dentro de um livro, visto ser o título do livro pelo qual Daniel Sempere se apaixona, após resgatá-lo do recôndito Cemitério dos Livros Esquecidos. Nunca percebemos exactamente o motivo pelo qual Daniel gosta tanto do livro da autoria de Julián Carax, mas também não é um dado fundamental para que a narrativa seja bem-sucedida. 

Neste romance em que o vento assobia como se de uma pessoa se tratasse, há alguns factos que são perdoáveis (dada a extraordinária prosa do autor), como a verdadeira identidade de Laín Coubert. Nunca tive dúvidas de quem se tratava realmente esta misteriosa e soturna personagem.

Acima de tudo, esta é a história de como Daniel Sempere se transforma por completo após a sua primeira visita ao Cemitério dos Livros Esquecidos; esse é o dia em que ele se despede da sua meninice e se transforma num homem. É nesse da que ele se começa a preocupar com algo exterior a si próprio – um livro – e a protegê-lo com a sua própria vida contra o Diabo.  Desde aí, a coragem de Daniel de enfrentar os demónios do seu ídolo e a sua bravura em enfrentar Fumero, salva-o de uma morte certa, (física e espiritual) bem como ao seu ídolo Carax.




Segundo o seu autor, este é o romance mais estranho e sombrio da tetralogia. É um livro sobre um idealismo que, de tão desesperado e por tanto embater na crueldade do mundo, como uma onda contra uma rocha, se estilhaça e acaba por sacrificar o coração que habita. É isto que acontece ao protagonista David Martín, um jovem escritor traído pelo seu melhor amigo, apaixonado pela mulher errada e desesperado por escrever o melhor livro jamais existente na história da literatura. Andreas Corelli, um misterioso editor parisiense, está de olho no jovem escritor de Barcelona e consegue convencê-lo a escrever um livro que irá mudar para sempre a face da literatura. Mas por que preço?

Grandes Esperanças de Dickens tem um papel preponderante neste romance e tem alguns elementos em comum com ele: a ambição e o desejo do indivíduo se aperfeiçoar. David Martín sobrevive sob um pseudónimo como autor de histórias serializadas e é amado pelo seu público. Quando re-escreve o livro do seu mentor é adorado pela crítica literária. Quando escreve um romance sob o seu próprio nome é odiado por todos. As lutas de um escritor nada têm de justas, bem se sabe! Quando Martín está nas suas últimas forças, Corelli aparece para lhe fazer "uma proposta que ele não pode recusar". Quem é este enigmático editor? Será um anjo? Ou o próprio Diabo?

Este livro tem várias leituras, várias interpretações e abre várias portas no nosso pensamento. Mas uma pergunta importante fica no ar no final do romance: este facto faustiano é para ser levado à letra ou é para ser entendido como uma metáfora sobre a inerente loucura do nosso protagonista?

À parte do próprio romance, a ideia de um editor acercar-se de um escritor jovem e ambicioso e convidá-lo a escrever um livro que faça com que as pessoas se queiram matar umas às outras e se queiram sacrificar por uma nova religião, faz-me lembrar aquele maldito austríaco com aquele bigode rizível que escreveu aquele livro… bem, vocês sabem, que mergulhou o mundo na Segunda Guerra Mundial.



3 de dezembro de 2014

How does one find true happiness?

"Spinozistic philosophy maintains that while there is nothing wrong with human emotions as such, they can interfere with higher forms of cognitive processes. When an emotion is provoked by an external cause and is not properly reasoned through it can distract us from understanding the truth about said external cause by adding a personal element to an objective occurrence. One of the ultimate goals of Spinozistic philosophy is to achieve true happiness, happiness that is found through an intellectual pursuit of the mind instead of any fictional happiness that can temporarily arise from materialistic gains. For Spinoza happiness can be found only through freedom, the freedom that we can experience when we’re no longer controlled by our emotions and by our human ignorance. If we allow ourselves to merely react when an external force happens to elicit our uncontrolled emotions, we submit ourselves to forces that are ultimately beyond our control."


Josef Steiff –– Sherlock Holmes and Philosophy: The Footprints of a Gigantic Mind