A cada qual, como a estatura, é dada
A justiça: uns faz altos
O fado, outros felizes.
Nada é prémio: sucede o que acontece.
Nada, Lídia, devemos
Ao fado, senão tê-lo.
A mão invisível do vento roça por cima das
ervas.
Quando se solta, saltam nos intervalos do
verde
Papoilas rubras, amarelos malmequeres
juntos,
E outras pequenas flores azúis que se não
vêem logo.
Não tenho quem ame, ou vida que queira, ou
morte que roube.
Por mim, como pelas ervas um vento que só
as dobra
Para as deixar voltar àquilo que foram,
passa.
Também por mim um desejo inutilmente bafeja
As hastes das intenções, as flores do que
imagino,
E tudo volta ao que era sem nada que acontecesse.
–– Ricardo Reis