29 de setembro de 2014

Talent vs. Genius

"Talent is largely inborn, and in a given field some people have it to a far higher degree than others. Still, in the end talent is not enough to push you to the highest achievements. Genius has to be founded on major talent, but it adds a freshness and wildness of imagination, a raging ambition, an unusual gift for learning and growing, a depth and breadth of thought and spirit, an ability to make use of not only your strengths but also your weaknesses, an ability to astonish not only your audience but yourself."


Beethoven, anguish and triumph – Jan Swafford

24 de setembro de 2014

Ismael against Racism

"And what is it, thought I, after all! It's only his outside; a man can be honest in any sort of skin." 

Herman Melville – Moby Dick 

19 de setembro de 2014

Legais e Desiguais

Com o (caótico) início de mais um ano lectivo, verifica-se mais uma alteração que visa dificultar a vida aos alunos.

Estou a pensar especificamente nos alunos universitários que começam uma nova fase das suas vidas académicas.

A lei da cópia privada foi aprovada no parlamento. E, mais uma vez, são os consumidores que serão prejudicados.

Esta lei absurda (já lá irei) visa taxar todos os aparelhos com memória para armazenar informação (telemóveis, tablets, computadores, ipods, ipads, etc.) e cobrar esse imposto (chamemos as coisas pelos nomes) aos consumidores. 

Por que motivo é que acho isto ridículo? Dou-vos um exemplo: imaginem um aluno universitário de literatura inglesa e alemã. Este jovem irá ter várias obras estrangeiras para ler. Assumindo que tudo se faz na Internet nos dias de hoje, ele irá adquirir um equipamento para comprar e armazenar as obras que terá para ler durante o seu curso. Comprará os livros na Amazon, mas não sem antes pagar um imposto por esse equipamento que (em teoria, pelo menos) foi desenhado para compensar os autores de conteúdos portugueses. Para fazer os trabalhos para a faculdade, terá de comprar um computador, pelo qual também terá de pagar o imposto (ainda que os conteúdos desse computador tenham sido criados por ele mesmo). Já para não falar do iPod que leva para a faculdade, cheio de música (estrangeira) comprada no iTunes. 

Agora digam-me lá, perante um cenário destes, em que nenhum autor português está envolvido de todo, faz algum sentido que este jovem aluno universitário pague pela lei da cópia privada e que esses dividendos vão parar às mãos dos donos errados? Ou será que também os distribuem pelos autores estrangeiros? E como é que  esses senhores sabem que obras foram compradas para compensarem os autores certos?

Isto é a proposta do Governo:

  • Telemóvel com capacidade de memória de 8 GB: 0,96 euros;
  • tablet com capacidade de memória de 16 GB: 1,92 euros;
  • computador ou disco externo com 1 TB de capacidade: 4 euros;
  • cartão de memória ou pen/USB com 16 GB de capacidade: 0,256 euros

A lei diz que para que o consumidor possa fazer uma cópia de qualquer conteúdo tem de pagar pelo direito de a copiar. Até aqui, tudo bem. Mas cobrar – seja o que for – aos consumidores por aparelhos adquiridos não tem pés nem cabeça. Não é justo aplicar um imposto geral e abstracto aos consumidores portugueses, especialmente tendo em conta a nossa actual carga fiscal.

O único beneficiário desta lei é, como é óbvio, a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), não os reais autores de conteúdos.

Quem perde é a economia portuguesa e o Zé Povinho, para não variar.

13 de setembro de 2014

Falhados e Imperadores

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade.
O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.
Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito à mesa de depois?
Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?
Quantos Césares fui!
Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!

Quantos Césares fui!



Quase sem querer (se o soubéssemos!) os grandes homens saindo dos homens vulgares
O sargento acaba imperador por transições imperceptíveis
Em que se vai misturando
O conseguimento com o sonho do que se consegue a seguir
E o caminho vai por degraus visíveis, depressa.
Ai dos que desde o principio vêem o fim!
Ai dos que aspiram a saltar a escada!
O conquistador de todos os impérios foi sempre ajudante de guarda-livros
A amante de todos os reis — mesmo dos já mortos — é mãe séria e carinhosa,
Se assim como vejo os corpos por fora, visse as almas por dentro.
Ah, que penitenciaria os Anjos!
Que manicómio o sentido da vida!


–– Álvaro de Campos


5 de setembro de 2014

The Principle of Sufficient Reason

"Gottfried Wilhelm Leibniz, a seventeenth-century German philosopher, wrote, “Nothing takes place without sufficient reason, that is . . . nothing happens without it being possible for someone who knows enough things to give a reason sufficient to determine why it is so and not otherwise.” Later Leibniz added that we often do not know these reasons. This principle of sufficient reason (PSR) flatly rejects the possibility of random or unexplainable events. Even if we are not aware of the reason behind a particular event, it is nevertheless true that there is a reason that fully explains why the event took place."

Henry Jacob – House and Philosophy Everybody Lies