25 de outubro de 2020

A Mãe de Todo o Terror

"All happy families are alike; each unhappy family is unhappy in its own way."

Leo Tolstoy - Anna Karenina


capa de Chi no Wadachi

     O único amor verdadeiramente incondicional é entre pais e filhos. Mas como diz o filósofo Gregory House: “todos nós somos ‘estragados’ pelos nossos pais.” As suas qualidades e defeitos são decalcadas nas almas da sua prole, às vezes, a vida toda. Quando somos crianças, idolatramos os nossos pais. Quando entramos na adolescência, rebelamo-nos contra eles numa tentativa de forjarmos a nossa própria identidade. Quando chegamos à idade adulta e temos os nossos próprios filhos, perdoamos os nossos pais por tudo o que eles nos fizeram, porque entendemos o seu esforço para nos dar tudo do bom e do melhor. 

     O que é que fariam se descobrissem que a pessoa que vos pôs no mundo é a pessoa em quem menos podem confiar? 

     Seiichi Osabe é um jovem de 14 anos que vive com o seu pai (Ichiro) e com a sua mãe (Seiko), numa cidadezinha na prefeitura de Gunma, no Japão. Uma família aparentemente normal, que vive uma existência aparentemente normal. Num dia quente de Verão, a família Osabe vai fazer um passeio nas montanhas e enquanto Seiichi se diverte com o seu primo Shigeru, ele vê a sua mãe fazer algo chocante. Um acontecimento trágico, que altera para sempre a dinâmica da família Osabe. Tudo isto se passa nos primeiros seis capítulos da série. 

     A partir daqui, é um sem fim de capítulos de terror psicológico a que Shūzō Oshimi já habituou os seus leitores em obras anteriores, como Hapiness e Flowers of Evil.

     Blood On The Tracks, ou A Trail of Blood, como ficou conhecida, (para evitar confundi-la com o álbum de Bob Dylan) é uma obra que… bem… Por onde começar?

     Começo pelos seus pontos fortes: Shūzō Oshimi é um mangaka exímio no desenho do rosto humano e de todas as suas possíveis expressões. Ele é capaz de contar uma história inteira através das expressões faciais das suas personagens. O seu estilo minimalista poupa nos elementos desnecessários do fundo das pranchas da banda desenhada e concentra-se em ilustrar metodicamente as expressões faciais das suas personagens. Esses fundos, muitas vezes vazios, colocam-nos numa atmosfera sufocante de privação sensorial. Tudo o que podemos fazer é concentrarmos a nossa atenção nas emoções das personagens e na acção que se desenrola lentamente diante dos nossos olhos. 

     Contudo, ele também é muito eficaz em utilizar a acção de fundo e a luminosidade para acentuar o tom da história, chegando a ilustrar páginas inteiras de planos de fundo para demonstrar o estado psicológico das suas personagens. 

O estado de alma do protagonista

     A atenção aos detalhes é outro ponto forte deste mangaka. Esta história contém um quebra-cabeças que o protagonista está a tentar resolver, uma memória que o assombra desde a infância e o autor é meticuloso em criar um cenário em que todos os detalhes sejam relevantes para a grande revelação final. 

 

     O ritmo da história é muito bem trabalhado. Alguns leitores podem achá-lo demasiado lento – os capítulos têm menos de trinta páginas – mas a verdade é que ele vai aumentando o suspense lentamente, sempre do ponto de vista do protagonista. Cada gesto, cada expressão facial é levada ao limite e o Oshimi consegue fazer coisas que o Alfred Hitchcock, no auge da sua carreira, não conseguiu fazer. Eu digo isto porque é muito fácil criar suspense com uma câmara de filmar e um compositor para criar música para o efeito. Quando só se tem um papel e uma caneta, é muito mais difícil criar o mesmo efeito aterrador nos leitores e o Oshimi é exímio nisso. Visualmente, Shūzō Oshimi é um génio na composição das páginas, criando uma atmosfera tensa, sufocante até! O leitor vê-se aprisionado nas páginas da manga, incapaz de desviar o olhar do horror que se desenrola à sua frente, como um feitiço. 

     Quais são os seus pontos fracos? Do ponto de vista técnico e da narrativa, não vejo nenhuns. Penso que é uma questão de gosto. A verdade é que esta manga não é para toda a gente e é improvável que agrade a um público alargado. 

     Chi no Wadachi é um thriller de terror psicológico, uma montanha russa de emoções, e alguns leitores preferirão outro tipo de história… Mas vou contar-vos uma coisa: depois de ler esta manga, descobri que tive uma infância feliz. Pode parecer estranho, mas nunca tinha tido este epifania! É um dos efeitos secundários positivos de ler esta manga.

 

     Assim, esta obra só tem uma desvantagem: não é recomendável a pessoas com um passado de abuso infantil. Conheço pessoas nesta situação que a leram e ficaram mais perturbadas do que eu, o que é inevitável, quando memórias dolorosas vêm ao de cima. É suposto uma história de terror aterrorizar os leitores, mas para quem já vive atormentado pelo seu passado, talvez seja mais difícil ler esta manga.

 

     Para Shūzō Oshimi, teria sido muito mais fácil ter escrito uma história cómica, do estilo de About a Boy (que também lida com temas complicados, mas com humor)… Mas ele escolheu o caminho mais difícil. O tema das relações tóxicas entre pais e filhos é muito complexo e, francamente, muito desagradável! Não consigo imaginar pior história de terror do que pais que maltratam os filhos. Esse é um dos principais motivos que me levam a respeitar tanto este autor, porque não é fácil pôr o dedo na ferida e dizer a verdade quando se trata deste tema tabu na sociedade. No que toca a temas desagradáveis, ponho-o na mesma categoria que o Mark Twain, ou o William Golding, ou o George Orwell. Todos eles escreveram romances terrivelmente desconfortáveis de ler, mas incrivelmente verdadeiros nos temas que abordam, e essenciais para a Literatura. 

 

     Há um outro aspecto que o demarca dos demais mangakas. A maioria das personagens das mangas têm um aspecto muito peculiar: o cabelo; o feitio do rosto; o tamanho dos olhos… As ilustrações de Shūzō Oshimi são incrivelmente realistas. Ele parece estar a desenhar à vista e não personagens de ficção, o que aumenta a nossa sensação de terror à medida que viramos as páginas.





     Aconselho vivamente a leitura desta manga, porque, para dizer a verdade, se tivermos que passar por experiências muito difíceis na vida, o ideal é fazê-lo através de uma história de ficção. Podemos sempre colocar a manga na prateleira depois de a ler e regressar à nossa vida real com as lições que aprendemos da história.

     Na semana em que se soube que a mãe que tentou matar o filho recém-nascido foi condenada a 9 anos de cadeia, Portugal ficou colado à televisão, ouvindo novamente a história que chocou o país. Esta, juntamente com a notícia da mulher que apanhou 25 anos de cadeia por afogar as duas filhas na praia de Caxias, são notícias que nos causam náuseas e revolta, e que nos prendem à televisão, incapazes de nos desligarmos da realidade, que é sempre muito dura. E dela não podemos escapar.

     Pouco importa o quão desagradável qualquer leitura possa ser; será sempre mais agradável do que lidar com as consequências emocionais de uma infância marcada por abusos parentais. Por isso, recomendo a leitura de Blood on Tracks. Podem encontrar a obra no site da Wook. Ainda chega a tempo do Dia das Bruxas.




27 de setembro de 2020

Bonding with Aliens

These two scenes are just fantastic! 



When Maria is warning Liz about the kinds of antics that go on in the Eraser Room, we hear concern in her voice. She's worried for her best friend's safety. Liz is not nearly as worried about it. For come reason… Which is interesting… This moment happens past her love epiphany, so I'm sure she wants a private moment with Max, even though he's made it clear that they couldn't be in a serious relationship.


When Liz gets to the Eraser Room, Max is already there… cleaning erasers, of course! Liz feels dejected by his nonchalant attitude, but she knows how he feels about a possible relationship. They have a wonderfully funny exchange about their lives, and then Topolsky shows up, because someone always shows up to interrupt everything they do.



Disclaimer: Written for love, not for profit. The characters do not legally belong to me. They belong to: Melinda Metz


and Laura Burns who created them, Jason Katims who developed them, 20th Century Fox Television and Regency Television who produced them and the WB and UPN who broadcasted them.


Images taken from Google search.

      Elsewhere, Maria was reading a note that Liz had in her locker. A note from Max. It read: "Meet me in the 2nd Floor Eraser Room, 6th Period, Max". “The Eraser room, huh?” Maria thought aloud. Something about that note was terribly unsettling. Maria didn’t like where all of this was going. “Liz, do you know what the 2nd floor eraser room means?” “Of course I know what it means!” Liz said, while she was putting her makeup on. Maria’s face, however, made her question her assumption. “What does it mean?” “It’s where Greg Coleman gave Marlene Garcia that hickey the size of a softball; it’s where Richie Roher and Amanda Lourdes consummated everything...” “OK, Maria, you know what? You’re just making this into something it’s not,” Liz said, dismissing her friend’s stories about that place where everything happened, except cleaning erasers. “Liz, I don’t think you should do this. OK?” Maria insisted. “I mean, we don’t know what can happen. I mean, the guy touched you and you saw into his soul. How do we know what happens if he kisses you? How do we know what it is to be kissed by a Czechoslovakian? You don’t!” “OK, Maria, no one is kissing anyone here. I mean, Max isn’t even the least bit interested in me. You know, he said that things were just like they used to be before. Nothing’s changed.” Maria shook her head. Did Liz really believe that? “He said that,” Liz added. “Oh my God, it’s not just kissing that goes on in the Eraser Room, Liz,” Maria tried to explain. It was her last chance to keep her best friend out of trouble... The last thing Maria wanted was to see Liz hurt. “The Eraser Room does two things: cleans erasers and takes our innocence. Do you know what I mean by "takes our innocence," Liz? The Eraser Room has taken some of the best of us!” She said, before leaving, confident that her warning had taken root.
     Sheriff Valenti was in his office when he heard a slight knock on the door. Agent Stevens stepped in. He didn’t bother waiting for the Sheriff to let him in. Despite the FBI agent’s suave demeanor, and denial of anything abnormal in the waitress uniform, the paper he presented as an excuse to search and remove all his files, let him know that it was indeed blood that stained the uniform. Against his best judgement, he gave his cabinet’s key to the federal agent and got up, leaving with his thermos, saying: “Make yourself at home. I’m going to lunch.” The joke’s on them, he thought, they’re not gonna have the last laugh. That’s for sure! I’m gonna find out what’s really going on here.
     Through his binoculars, Michael saw Valenti coming out of the station with a strange object under his arm. I need to know how much time he will stay out, Michael thought. Only then could he know how to get in his office safely.
     Back in Roswell High, in the second floor eraser room, Max did the only thing he could possibly do in there – clean erasers. The repetitive movements and the buzzing if the motor set Max’s mind free. He wondered if Liz had gotten his message and whether or not she would show up. His wish was conceded when he saw a familiar figure skulking inside through the corner of his eye. Liz closed the door slowly, as so not to attract attention and said, “So, um, this is the Eraser Room. I’ve never been here before,” Her mind was overloading with questions all the way over there. Why did he want to meet her precisely in that infamous room? Had he change his mind about things remaining ‘exactly like they used to be before’? “I just thought we should be somewhere private,” Max said. “Right.” Liz mumbled. Maybe things can change, after all, she thought as she locked the door. “You were right about Topolsky. She isn’t who she appears to be,” Max announced, crushing Liz’s hopes. “Oh.” So much for change, she mused. “She’s been using this office,” he said, referring to the one right below the Eraser Room, “so, I thought we should find out why she’s here.” Max looked at her, hoping to catch her interest. “Yeah,” she said, her hopeless dreams now absent from her voice, if not from her soul. “She has off 6th and 7th period, so we might be here a while,” he mumbled, as she peeked through the vent, realizing he had never been so close to the girl of his dreams. Can she hear my drumming heart, he mused, when she looked briefly at him.
     Meanwhile, Michael was hiding behind the Sheriff’s station, pouring Tabasco sauce over a chicken leg, when he heard a noise. He looked through his binoculars and saw a man in a suit putting two boxes in his trunk. Obviously, something very serious was going on...
     “OK, I’m still confused. If you crash-landed in 1947, are you really 16 or are you like 52 in a 16-year-old’s body? Or do you guys just age differently? I mean, is like 1 alien year equal to 3 human years?” Liz asked. “You’ve thought about this a lot, haven’t you?” Max wondered with a smile, always amazed at her thorough thought process. “Kind of,” she muttered, slightly embarrassed. “Well, we know we came out of the pods in 1989. We just don’t know how long we were there. When we came out we looked like 6 year olds.” “So were you like green?” “Green?” Max echoed, not sure he heard it right. “Before you took human form, were you 3 feet tall and green and slimy?” Liz laughed, slightly embarrassed. “You know, I’m very sorry for asking you that. It’s Maria’s question,” she quickly explained. After what Max had shown her, she couldn’t imagine any such sinister creature. Max smiled: he understood her curiosity. “No, we just always looked like this. Except for the, uh, third eye,” he said, in a deadly serious tone. He looked down at the ground as Liz casually looked over at him. “Right,” she mumbled, seeing him grabbing his shoelace and she leaned forward, staring at the back of his head, inquisitively. Max peeked over and saw Liz‘s expression as she quickly looked away. “Kidding!” He finally said, opening a smile. “Yeah, I knew you were kidding,” she said, not admitting that he had caught her red-handed. She couldn’t help laughing about it. It was a funny joke! “You’re such a jerk!” She said, shoving him playfully. A rattling noise disrupted Max’s fun and he got up, in a haste. Liz, however, didn’t seem to notice it, and continued. “So uh, you really have no idea where you’re from, like what planet, or who your people are besides Michael and Isabel?” “No idea...” He said, in a sad tone. It’s not necessarily sad, Liz thought. She tried to put the best spin on his situation. “Well, that must be kind of freeing in a way.” “Freeing?!” Max was confused, but he waited for her reasoning. “Um, well just with me, you know, my parents own the Crashdown, so everyone in town knows who I am. Like, if I so much as get a haircut, everyone seems to notice, and they have to give me their opinion on it. It kind of makes life claustrophobic.” Max smiled. He had never thought about it that way, but Liz made an excellent point. About her life, of course, but an excellent point, nonetheless. “It’s like, you know, how am I ever supposed to become whoever it is that I’m gonna become while everyone is looking? You know? Sometimes I wish I could just be invisible,” she added. “Sometimes I wish I didn’t have to be so invisible.” Max said. Liz was slightly taken aback by his reply, but there was a deep yearning in his eyes that she couldn’t deny nor disrespect.


                                                        WE WANTTO BELIEVE!

19 de junho de 2020

¡Siempre tendremos Barcelona!

Carlos Ruiz Zafón
FOTO: Leonardo Cendamo

A literatura mundial ficou hoje órfã de um dos seus maiores…

O escritor catalão Carlos Ruiz Zafón deixou-nos, com apenas 55 anos, depois de uma luta de dois anos contra um cancro. Certamente um dos melhores autores contemporâneos, Zafón assinou alguns dos meus livros favoritos. É sua a tetralogia do Cemitério dos Livros Esquecidos (A Sombra do Vento; O Jogo do Anjo; O Prisioneiro do Céu e o Labirinto dos Espíritos). Estes quatro romances catapultaram-no para a ribalta e transformaram-no no segundo escritor de língua espanhola mais lido de sempre.

Nascido em Barcelona em 1964, Zafón sempre quis ser escritor. Ainda jovem, mudou-se para os Estados Unidos (Los Angeles.) Escreveu argumentos para Hollywood, mas foi com a Trilogia da Névoa (O Príncipe da Névoa; O Palácio da Meia-Noite e As Luzes de Setembroque ganhou o seu primeiro reconhecimento no mundo literário. Em 1998, escreveu um romance intitulado Marina, muito querido pelos seus leitores, mas saltou para a ribalta com a publicação d’ A Sombra do Vento, que lhe valeu o Prémio Literário Casino Da Póvoa em 2006, cinco anos após a sua publicação.

Terminou a sua ambiciosa tetralogia em 2016 e, sabe-se, estava a escrever um novo romance. 

Além de ser um fã incondicional de dragões, fruto da sua infância passada em Barcelona, pouco se sabe da sua vida privada. Ele assim o quis. Homem tímido, não se misturava muito com outros do mundo literário, preferindo manter-se no mundo da sua imaginação.

Talvez por ser tão recatado (e deixar a sua obra falar por si) o resto do mundo não fazia a mais pequena ideia da batalha que ele travava há dois anos contra um cancro.

De repente, o mundo leitor ficou órfão de um dos maiores escritores mundiais, que conferiu à cidade de Barcelona um toque mágico, transformando-a um lugar de que nenhum leitor quereria jamais sair se lá estivesse o tão sonhado cemitério dos livros esquecidos. 

Para além de escritor, era compositor e escreveu as bandas sonoras dos seus romances. Nem todos os escritores são assim tão multifacetados!
Já o disse uma vez e volto a dizê-lo: obrigadinho, Carlos, por todos os livros fantásticos que nos deste e por partilhares a tua alma connosco.


1 de abril de 2020

Ensaio sobre a Loucura

“Nos perigos grandes, o temor é muitas vezes maior que o perigo.” 

– Luís de Camões

Estamos todos de joelhos perante o Sars-CoV-2. 

Este vírus paralisou o mundo inteiro e fez disparar as vendas do Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago e d’ A Peste do Albert Camus! 

O que é que isto significa para a espécie humana?

Hoje será renovado o estado de emergência que o Presidente declarou no dia 13 de Março. 

Os portugueses já estão em quarentena voluntária há quinze dias

Até à data, já morreram 187 pessoas, 43 recuperaram e ainda há 8.251 pessoas infectadas com o COVID-19. A nível global, há 932.605 pessoas infectadas em 180 países.

Este é o maior pesadelo da Humanidade: um vírus desconhecido, fatal, com um períolo longo de incubação, a viajar num hospedeiro que viaja pelo planeta em 24 horas.

Coronavírus há muitos! A maioria destes vírus tem como hospedeiros animais como morcegos, camelos e pangolins, e provoca constipações simples nos seres humanos. Este é o terceiro depois do SARS e do MERS. Os médicos cedo perceberam que este coronavírus não se comportava como os demais e lançaram o alarme para a comunidade médica.

O que aconteceu depois é história. Os primeiros médicos que reportaram os casos de pneumonia atípica foram desvalorizados, repreendidos e silenciados pelo “Big Brother”. Alguns morreram, outros desapareceram misteriosamente.   

Quando este vírus começou a espalhar-se, o “Big Brother” ludibriou todo o mundo, manipulando os números e assegurando a OMS de que o vírus não era tão perigoso quanto se pensava, o que levou a organização e os países que começaram a ser afectados a não aplicar medidas sérias para travar a doença. 

Enquanto países como a Coreia do Sul e o Japão aplicaram a experiência adquirida com a SARS e a MERS e tomaram as medidas necessárias para lidar com o COVID-19, a região de Macau fechou-se sobre si mesma e conteve rapidamente o vírus. 

Muito se falou sobre a solução encontrada por Macau, mas a realidade é que esta região tem cerca de 640 mil habitantes, sendo mais fácil de implementar medidas robustas como fechar os casinos e as escolas por dois meses, uma quarentena de 14 dias e uso obrigatório de máscaras quando se sai de casa.

O modelo da Coreia do Sul devia servir para o resto do mundo: um político que inspirou confiança nos cidadãos, instituiu a massificação de testes, uma boa higiene respiratória e uma boa higienização das mãos. Claro que nenhum sistema é perfeito e a própria Coreia do Sul tem o seu paciente 31’, mas continua a ser o melhor modelo que se conhece para travar a expansão deste vírus.

Penso que todos podemos concordar que isto não é “só uma gripezinha” nem “um resfriadinho”. Não  ataca só velhinhos. É um vírus dinâmico, que saltou de uma espécie para outra, que se adapta com grande facilidade com mudanças do clima. 

Como é que se trava isto? Começo a perguntar-me se, a esta altura, ainda é possível travá-lo… Ao ritmo a que ele já se espalhou, não sei se ainda será possível contê-lo e erradicá-lo de circulação. É bem que possível que a espécie humana tenha de aprender a conviver com o COVID-19, como tem de conviver com tantos outros vírus mortais. 

O plano de ter o mundo inteiro de quarentena era precisamente de tentar conter e erradicar o vírus. O plano B era tentar contê-lo por tempo suficiente até os cientistas conseguirem encontrar um tratamento ou uma vacina e simultaneamente não entupir os serviços de saúde com vítimas do vírus. O problema grande deste vírus é que não é possível isolar todos os idosos e esperar que fique tudo bem. Muita gente vai adoecer ao mesmo tempo. Os serviços de saúde entupidos’ farão com que os médicos adoeçam e não haja capacidade para cuidar dos outros doentes que já hospitalizados e que também podem sofrer com esta pandemia. 

Muitas vozes se têm erguido na questão que está na mente te todos os cidadãos que ficam em casa impedidos de trabalhar: o que é que vai acontecer à economia? A expressão: “Não podemos morrer do mal, mas também não podemos morrer da cura” já foi usada para impelir os governantes a não paralisarem a economia, sob pena de uma recessão global sem precedentes. 

A pensar na economia, alguns governantes do norte da Europa advogaram algo parecido com darwinismo social — deixar toda a gente ir trabalhar, deixar o vírus propagar-se naturalmente, matando os fracos, poupando os fortes e imunizando os resistentes. A falha desta teoria é que sem pessoas vivas, não há economia que subsista.

A verdade é que a Coreia do Sul já demonstrou que não é preciso paralisar toda a economia, nem manter as pessoas em quarentena permanente. É possível que nenhum país tivesse de adoptar medidas tão extremas. Os cidadãos não teriam de açambarcar papel higiénico e outros bens, todos poderiam sair à rua e trabalhar – contanto que usassem máscaras, se mantivessem a uma distância segura e desinfectassem as mãos. Essa é a combinação que permite atrasar a proliferação do vírus.

O “Big Brother” inventa teorias da conspiração para parecer bem, mente descaradamente sobre o número de mortos, mas qualquer pessoa de bom senso não pode esperar transparência e honestidade dos camaradas de Oceania. Todos os ‘Winston Smith’ que deram o alarme sobre este vírus foram declarados culpados por ‘crimideias’ e transformaram-se em ‘impessoas’. Imagino que os seus restos estejam nas entranhas do Ministério do Amor, enquanto os camaradas de Oceania “ajudam” o resto do mundo a passar por esta terrível crise. O amor do “Big Brother” é ilimitado e pouco a pouco vai engolindo o mundo inteiro. 

Enquanto a Europa é devastada pelo COVID-19, os governantes do norte insistem em mostrar a sua peculiar solidariedade, acusando os países do sul de estarem impreparados para lidar com a crise “por gastarem todo o dinheiro em copos e mulheres”. Outra vez! A Itália e a Espanha têm o maior número de mortes, mas a Holanda e a Alemanha olham para o lado e assobiam, talvez à espera de ter mais uma crise global com a qual possam lucrar, tal como já fizeram com a crise das dívidas soberanas.

Os Estados Unidos serão os últimos a ser atingidos por esta pandemia e, com um arlequim à frente do país, vão sofrer mais do que a Ásia e a Europa juntas. Enquanto o arlequim diverte os cidadãos na televisão, os norte-americanos estão a gozar as férias da Páscoa na Florida. O que ele (e outros como ele) continuam a dizer é que a gripe mata mais pessoas que o COVID-19 e ninguém entrou em quarentena com a pandemia de H1N1. O medo da gripe H1N1 era legítimo: afinal, o vírus era da mesma estirpe da Gripe Espanhola! Mas havia uma vacina e todos os cuidados foram tomados. Mesmo assim, morreu muita gente. O que o arlequim nunca diz aos seus cidadãos é que não há vacina nem anti-virais para o COVID-19. Este vírus é totalmente desconhecido da nossa espécie.  

E o que dizer do Brasil? Aquele papagaio sem penas da presidência grita a toda a gente que vá trabalhar, que o vírus é só um “resfriadinho”, que os seus cidadãos não têm de se preocupar... e é triste ver que os traficantes das favelas têm mais bom senso do que ele
  
Este mapa da Universidade Johns Hopkins tem um registo actualizado do desenvolvimento do COVID-19 pelo mundo e é interessante comparar os números dos vários países e perguntarmos porque é que o Japão e a Coreia do Sul têm aqueles números, sendo que foram dos primeiros países afectados pela pandemia. Quais são as suas práticas, que o resto do mundo devia adoptar?   

Era bom que a DGS tivesse dito a verdade toda aos portugueses desde o início: na ausência de testes e de material de protecção que satisfaça as necessidades de todos os cidadãos, a única forma de combater este vírus é ouvir os pedidos dos médicos e ficar em casa tanto tempo quanto possível, para não sobrecarregar o já frágil SNS.


De resto, o facto da nossa curva não ser igual à da Itália ou da Espanha é motivo de esperança. Os nossos governantes tomaram as medidas necessárias e atempadas para evitar a catástrofe total. A melhor ajuda que podemos dar aos nossos médicos, que estão nas trincheiras desta guerra, não é aplausos, mas sim ficar em casa.

28 de janeiro de 2020

Uma Aventura Sinfónica

No dia 18 de Julho, Portugal vai receber um evento único na Altice arena promovido pela Film Symphony Orchestra S.L.

  

Um projecto sinfónico e visual vai combinar a magia do som com a magia da animação do épico criado por Akira Toriyama, tudo com tecnologia de ponta.

Haverá ainda efeitos sonoros das várias séries de Dragon Ball.

Hiroki Takahashi é o cantor deu voz a vários temas de Dragon Ball: Makafushigi Adventure e Mezase Tenkaichi e de Dragon Ball Z: Cha-La Head-Cha-La e We Gotta Power.

A banda sonora do Dragon Ball (tanto as séries como os filmes) tem a assinatura do lendário Shunsuke Kikuchi.

O preço dos bilhetes para este concerto varia entre os 39 € e os 149 €. 

Os bilhetes mais caros prometem uma experiência VIP com direito a lugares privilegiados, cocktail, brochura edição de coleccionador com a programação do espectáculo e um meet & greet com a estrela do espectáculo, Hiroki Takahashi