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28 de janeiro de 2020

Uma Aventura Sinfónica

No dia 18 de Julho, Portugal vai receber um evento único na Altice arena promovido pela Film Symphony Orchestra S.L.

  

Um projecto sinfónico e visual vai combinar a magia do som com a magia da animação do épico criado por Akira Toriyama, tudo com tecnologia de ponta.

Haverá ainda efeitos sonoros das várias séries de Dragon Ball.

Hiroki Takahashi é o cantor deu voz a vários temas de Dragon Ball: Makafushigi Adventure e Mezase Tenkaichi e de Dragon Ball Z: Cha-La Head-Cha-La e We Gotta Power.

A banda sonora do Dragon Ball (tanto as séries como os filmes) tem a assinatura do lendário Shunsuke Kikuchi.

O preço dos bilhetes para este concerto varia entre os 39 € e os 149 €. 

Os bilhetes mais caros prometem uma experiência VIP com direito a lugares privilegiados, cocktail, brochura edição de coleccionador com a programação do espectáculo e um meet & greet com a estrela do espectáculo, Hiroki Takahashi

9 de dezembro de 2017

"Meu bálsamo para a dor de ser"

Rui Veloso

Se há artistas marcantes na minha vida, um deles é certamente Rui Veloso. As letras de "Mingos & Os Samurais" são as primeiras que eu decorei na minha infância.

Há uma outra música do Rui Veloso, que ouvi quando era jovem e que me atingiu como um raio sem eu nunca conseguir entender porque é que ela mexeu tão profundamente com a minha alma. Estava eu num sono leve, com o rádio ao meu lado - como dormia sempre naqueles tempos - e a melodia melancólica impregnou a minha alma para sempre. Levei muitos anos para descobrir o significado daquela música para mim. Eventualmente, cresci, desenvolvi um bocadinho, as palavras vieram e fui capaz de verbalizar as minhas emoções. Esta música expressava uma sensação de ansiedade, de ansiedade de desempenho, medo do fracasso, medo do sucesso, procrastinação (uma palavra que eu não conhecia na época) e a impulsiva e fútil busca de prazeres efémeros que permitem colocar a vida em espera, enquanto se tenta descobrir o que fazer a seguir.

A música descreve um marinheiro, perdido num país distante - na Índia ou algo assim - que desperdiça a sua vida, não querendo partir e inventando todo o tipo de desculpas (chuva, maré baixa) para não fazer o que tem de fazer. O tempo todo, fumando ópio num narguilé e possivelmente sucumbindo ao vício no final da música… Quem sabe…?

Li recentemente uma tese da Universidade de Lublin sobre essa música e a sua inclusão num álbum que eu não conhecia - porque ninguém descreveu a sua origem na rádio quando eu era mais jovem. E foi assim que aprendi sobre a história desta música e a história por detrás do álbum.


Esta música insere-se num disco intitulado "Auto da Pimenta". Este álbum foi encomendado pelo Estado Português e tornou-se o disco oficial das comemorações dos 500 anos dos Descobrimentos. É irresistível pensar que Carlos Tê conseguiu algo que nem Fernando Pessoa conseguiu. A Mensagem foi sequestrada por Salazar e usada como mais uma peça na sua monstruosa máquina de propaganda mas Carlos Tê, através das suas letras, manda um grande manguito ao governo do Cavaco. Ninguém no seu perfeito juízo celebraria o que estas letras descrevem, música após música. Reconheço as referências literárias de Camilo Pessanha e de Fernando Pessoa, mas não sei se concordo com a interpretação da música. Afirmar que aquele homem solitário (que prefere morrer no local onde está do que regressar aonde pertence) representa um país inteiro apenas preocupado com velhas glórias e que se recusa a seguir em frente é esticar demais a metáfora para mim. A "alma portuguesa" é um pouco mais vasta, acho, não é o monólito que é descrito na análise. O autor da tese tenta meter o Rossio na Betesga. Enfim... 

Para mim, nada disso importa. No meu coração, a música continua a ser sobre os mesmos temas: (procrastinação, ansiedade e uma necessidade negativa de prazeres efémeros), embora eu não tenha ilusões que a minha interpretação seja mais acertada do que a outra. Sim, a morte do autor e tal, mas há limites. Provavelmente, a minha interpretação diz mais sobre mim...


19 de setembro de 2014

Legais e Desiguais

Com o (caótico) início de mais um ano lectivo, verifica-se mais uma alteração que visa dificultar a vida aos alunos.

Estou a pensar especificamente nos alunos universitários que começam uma nova fase das suas vidas académicas.

A lei da cópia privada foi aprovada no parlamento. E, mais uma vez, são os consumidores que serão prejudicados.

Esta lei absurda (já lá irei) visa taxar todos os aparelhos com memória para armazenar informação (telemóveis, tablets, computadores, ipods, ipads, etc.) e cobrar esse imposto (chamemos as coisas pelos nomes) aos consumidores. 

Por que motivo é que acho isto ridículo? Dou-vos um exemplo: imaginem um aluno universitário de literatura inglesa e alemã. Este jovem irá ter várias obras estrangeiras para ler. Assumindo que tudo se faz na Internet nos dias de hoje, ele irá adquirir um equipamento para comprar e armazenar as obras que terá para ler durante o seu curso. Comprará os livros na Amazon, mas não sem antes pagar um imposto por esse equipamento que (em teoria, pelo menos) foi desenhado para compensar os autores de conteúdos portugueses. Para fazer os trabalhos para a faculdade, terá de comprar um computador, pelo qual também terá de pagar o imposto (ainda que os conteúdos desse computador tenham sido criados por ele mesmo). Já para não falar do iPod que leva para a faculdade, cheio de música (estrangeira) comprada no iTunes. 

Agora digam-me lá, perante um cenário destes, em que nenhum autor português está envolvido de todo, faz algum sentido que este jovem aluno universitário pague pela lei da cópia privada e que esses dividendos vão parar às mãos dos donos errados? Ou será que também os distribuem pelos autores estrangeiros? E como é que  esses senhores sabem que obras foram compradas para compensarem os autores certos?

Isto é a proposta do Governo:

  • Telemóvel com capacidade de memória de 8 GB: 0,96 euros;
  • tablet com capacidade de memória de 16 GB: 1,92 euros;
  • computador ou disco externo com 1 TB de capacidade: 4 euros;
  • cartão de memória ou pen/USB com 16 GB de capacidade: 0,256 euros

A lei diz que para que o consumidor possa fazer uma cópia de qualquer conteúdo tem de pagar pelo direito de a copiar. Até aqui, tudo bem. Mas cobrar – seja o que for – aos consumidores por aparelhos adquiridos não tem pés nem cabeça. Não é justo aplicar um imposto geral e abstracto aos consumidores portugueses, especialmente tendo em conta a nossa actual carga fiscal.

O único beneficiário desta lei é, como é óbvio, a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), não os reais autores de conteúdos.

Quem perde é a economia portuguesa e o Zé Povinho, para não variar.

1 de outubro de 2013

27 de setembro de 2013

A História dos Proms

De norte a sul, Portugal tem anualmente festivais musicais durante o Verão, mas os nossos festivais não se comparam nem de longe com a maior festa da música do mundo, realizada em Inglaterra – os Promenade Concerts (Concertos Promenade da BBC) ou, como são mais conhecidos, os Proms. Nos dias de hoje, esta série de concertos realiza-se anualmente no Royal Albert Hall, desde meados de Julho até meados de Setembro.

Se há coisa de que me arrependo na vida é de não ter estado presente no Royal Albert Hall na temporada de 2012, a assistir à série de sinfonias de Beethoven...

A temporada de Verão, marcada por estes concertos nasceu de um concerto realizado em 10 de Agosto de 1895, fruto do empresário que estava à frente do Queen's Hall em Londres, Robert Newman. O seu plano era tornar a música acessível ao maior número de pessoas por um preço baixo.

Foi em Fevereiro de 1895 que o empresário colocou o maestro Henry Wood à frente do projecto dos Proms. 

Wood à frente da orquestra em Queen's Hall

Inicialmente conhecidos como 'Mr Robert Newman's Promenade Concerts', estes concertos eram baratos, podia-se comer, beber e fumar, havia noites inteiras dedicados a compositores como  Wagner e Beethoven e havia uma mistura elegante entre música popular e música clássica.

Na década de 1920, Henry Wood popularizara muitos compositores através dos Proms. Em 1927, após vários problemas financeiros, a BBC começou a transmitir os concertos, formando inclusive a sua própria orquestra em 1930, a BBC Symphony Orchestra. Nunca antes aquela série de concertos chagara a uma audiência tão vasta.

Infelizmente, a II Grande Guerra significou o fim do patrocínio da BBC e a completa destruição do Queen's Hall pela Luftwaffe. Há males que vêm por bem, como se diz na minha terra e foi assim que, em 1941, os Proms foram transferidos para Royal Albert Hall.


Royal Albert Hall

Esta elegante sala de concertos foi inaugurada em 1871, e é lá, desde 1941 (quando a BBC voltou a patrocinar os Proms) até aos dias de hoje, que se realiza este festival de música.

A partir de 1959, os Proms alargaram o seu repertório e as orquestras que interpretavam as obras, trazendo verdadeira grandeza internacional ao festival inglês.