Lembro-me perfeitamente do primeiro poema que li de Fernando Pessoa e onde o li. Foi no número 7 da colecção "O Clube das Chaves". O Clube das Chaves sobe ao pódium. Quem não se lembra desta colecção escrita por Maria Teresa Maia Gonzalez e Maria do Rosário Pedreira? Foi a minha colecção eleita da infância e adolescência!
Nesse número da colecção, a personagem do André estava sozinho em casa e, vendo o gato do irmão Vasco deitado, a dormir uma merecida sesta, senta-se perto to bichano e começa a desenhá-lo (para quem não sabe, o André era um artista), lembrando-se do poema que lera na escola. Este:
Gato que brincas ra rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Tal como o André, eu decorei o poema de Fernando Pessoa, e, tal como a personagem da colecção "O Clube das Chaves", também sou de opinião que o brilho do poeta era a sua perene capacidade de espelhar os sentimentos dos seus leitores.
Para não dizerem que a literatura juvenil não abre portas nas nossas jovens mentes!
Um grande obrigado a Maria Teresa Maia Gonzalez e a Maria do Rosário Pedreira!