3 de março de 2013

"You Are Young and Life is Long..."

The Dark Side of the Moon

Editado em 1 de Março de 1973, o álbum começa com os batimentos de um coração que vai ficando cada vez mais forte até a música irromper na primeira faixa intitulada Speak to Me/Breathe.

Já lá vão quarenta anos desde que os Pink Floyd editaram esta obra-prima do Rock contemporâneo e a actualidade deste álbum é tal, que ele podia ter sido editado em Março de 2013, e teria a mesma relevância. O que é um excelente indicador do seu futuro, diga-se!

O design da capa baseia-se num ideia de Richard Wright: a capa deveria ser simples, ousada e dramárica. A pirâmide é um exemplo perfeito dessa ideia, não?

The Dark Side of the Moon fala-nos das pressões diárias (a vida, o tempo, a morte, o dinheiro, a violência, a loucura, etc.) do nosso mundo que nos forçam a tomar certas decisões sobre a nossa vida que marcam o nosso Destino neste mundo. O seu propósito (se é que só tem um) é o de nos abrir os olhos para estas pressões de modo a que possamos viver as nossas vidas de forma o mais genuína possível.

O Sol e a Lua são as grandes metáforas do disco, encorporando a luz e a sombra das nossas vidas, arrastando-nos para uma ou para outra, com diferentes consequências.

Roger Waters afirmou repetidamente que teve uma epifania durante a produção deste álbum: apercebeu-se que a sua vida já começara havia muito tempo, que a infância e a adolescência não eram períodos de preparação para algo que iria começar depois. A vida começa com a primeira respiração e só pára na última. O Tempo é algo precioso, o relógio bate sempre contra nós e não é boa ideia desperdiçarmos o nosso tempo, pensando que teremos sempre mais para fazer o que queremos da vida.

A música Us and Them é um claro exemplo daquilo a que Roger Waters chama de 'canção humanitária', na mesma veia de Echoes – a capacidade das pessoas de se relacionarem umas com as outras. Esta música é o cerne do álbum.

Na faixa Brain Damage, há uma homenagem velada ao amigo e anterior membro da banda, Syd Barrett. As regras arbitrárias da vida de Syd, após se tornar numa estrela do Rock, e as constantes pressões a que esteve sujeito para reproduzir os seus sucessos foram a chave da queda do guitarrista. Adicione-se a quantidade de ácido que tomou e explica-se o motivo da sua loucura e o porquê da banda o ter deixado para trás.

Brain Damage é também uma forma que Roger Waters encontrou para dizer ao seu público que compreende as pressões a que todos estamos sujeitos durante as nossas vidas e que, por vezes, nos sentimos mal com tudo isso. Ele também está sujeito a essas mesmas pressões, mas diz-nos que, se não mantivermos os nossos sentimentos controlados, se cedermos às pressões, acabaremos por ceder à loucura e seremos destruídos pelo nosso lado mais negro.

O bater do coração do final da faixa Eclipse simboliza a morte, mas não só, porque Roger Waters utiliza uma técnica que permite que os seus álbums possam ser ouvidos de forma cíclica. Assim, se ouvirmos o disco em modo repeat, o bater do coração da última faixa funde-se com o da primeira.

The Dark Side of the Moon é um testamento lírico de uma beleza etérea incomparável sobre a condição humana. Talvez seja a sua força emotiva que nos faz voltar a ele uma e outra vez... Algo que o torna eterno.

But that's not to say that potential for the Sun to shine doesn't exist. You know? Walk down the path towards the Light, rather than walk into the Darkness.


 Roger Waters


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