2 de maio de 2013

Puzzle Incompleto



Richard Bach

Jonathan Livingston Seagull ou Fernão Capelo Gaivota, em português. Quem nunca ouviu falar deste livro?

Depois de se ler a obra-prima de Richard Bach, nunca mais se olha para uma gaivota com os mesmos olhos...

Sim, eu sei. O conceito não é original, já foi feito antes de 1972 (quantos milénios é que tem o Budismo?) e tem sido feito desde então – em quantidades industriais, diga-se – mas a metáfora é sólida (daí, resultar em todas as suas reincarnações) e a história e as personagens são encantadoras. Esses factores são suficientes para me convencer.

A novela de Richard Bach é suficientemente vaga para poder ter várias interpretações, por isso, não dá menos do que promete. Sei de muitas pessoas que não gostam deste livro. Não tenho problemas com isso. Gostos não se discutem. O que não compreendo é porque motivo as pessoa ridicularizam o livro e o tratam como uma cagadela de gaivota... É errado que as pessoas desejem acreditar num mundo melhor? É irrealista? Bem...

O livro não é sobre gaivotas ou sobre lições de voo. Também não é um livro de auto-ajuda. Uma obra literária permite-nos pensar sobre as questões que o livro coloca, não imitar os seus protagonistas. É sobre encontrar um significado maior na nossa vida; é sobre cada um tomar as responsabilidades pelo seu potencial nas suas mãos, enfrentar os seus maiores receios e não se conformar com o que a multidão espera.

A linguagem que Richard Bach emprega é enganadoramente simples para a mensagem que quer transmitir. A busca da perfeição e da excelência dos nossos dons não é uma busca vã. É uma mensagem aniga e destilada através das eras. Talvez por isso, o livro tenha sido tamanho sucesso de vendas.

Há quem pense que o protagonista desta obra não tem equivalente na vida real. Beethoven? Mark Twain? Steve Jobs? Ronnie O'Sullivan? José Mourinho?... Se continuar a pensar nisto, mais nomes me virão à cabeça, certamente. O protagonista da novela não é diferente destas pessoas: são pessoas que não tiveram medo de viver os seus sonhos, que não tiveram medo de continuar a sonhar e a trabalhar arduamente para conseguir realizá-los. Requer muita coragem para fazer o que Jonathan Seagull fez – para fazer o que estas pessoas fizeram e fazem todos os dias. Eles não temem as multidões e recusam-se a abraçar a mediocridade.

Recentemente li uma notícia que Richard Bach quase morreu num acidente de avião e passou quatro meses em recuperação. O autor de 76 anos resolveu voltar à novela que o tornou famoso. A obra é actualmente composta por três partes, mas Bach escreveu uma quarta parte.

Por um lado, surpreendeu-me. Por outro lado, é compreensível que haja uma quarta parte. Há aspectos da história que ficaram por explicar.  Jonathan teve de alienar a sua família para viver o seu sonho. Será ele capaz de conciliar o seu sonho com a sua família? Ou ainda viajará à procura de outras gaivotas que desejem aprender sobre Amor e Compaixão?

Resta-nos esperar por esta quarta parte e pelo regresso de Jonathan...



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