Café!
Essa substância algo mágica, mergulhada em mitos e lendas sobre os seus benifícios e malefícios...
É difícil resistir ao aroma do café logo pela manhã, mas diz o povo que o café não é para todos!
Certos apreciadores de café fogem do seu consumo regular, porque são hipertensos ou sofrem de ansiedade e queixam-se que o café agrava esses sintomas. E depois, há a cafeína que tira o sono a muita gente.
O que a maioria das pessoas não sabe é que esses efeitos negativos do café são mais intensos em consumidores esporádicos da bebida e não para os consumidores regulares. O especialista europeu em hipertensão, Gorjão Clara, diz que "beber café para aumentar a tensão arterial só resulta se o consumo de café não for habitual". Quando o consumo se torna regular, o organismo cria habituação ao café e este perde os seus 'efeitos negativos' que lhe dão tão má fama.
Mas o café está na moda. Talvez, mais nos nossos dias do que em qualquer outra época. Cada vez mais frequentemente se ouve ou se lê que o café ajuda a prevenir doenças degenerativas como Parkinson, ou Alzheimer. Até na luta contra a diabetes tipo 2 o café ajuda.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, o café não tem quaisquer efeitos adversos para quem toma medicamentos, como diz Gorjão Clara: "o café não anula o seu efeito". Os problemas atribuídos ao café deveriam ser atribuídos aos cigarros que se fumam enquanto se bebe um cafezinho, ou aos pacotinhos de açúcar que enchem as chícaras de café. “Eu aconselhava as pessoas a beber café, mas sem açúcar”, diz Gorjão Clara.
Apesar de tudo, há pessoas que se afastam do café e com boa razão. Há as pessoas que são intolerantes à cafeína e as pessoas que sofrem de doenças gástricas, para quem o consumo de café pode agravar os seus sintomas.
Também é bom não nos esquecermos que a cafeína é uma substância que cria habituação – em nada diferente da nicotina, do álcool e de outras substâncias que actuam nos receptores do cérebro.
Um estudo da Faculdade de Medicina de Lisboa conclui que beber café regularmente reduz o risco do cancro do fígado, devido à quantidade de oxidantes presentes no café e pela sua acção anti-inflamatória. O estudo aconselha uma ingestão de três a quatro chávenas de café por dia para prevenir vários problemas de fígado.
Por outro lado (ou paradoxalmente), outro estudo publicado na Mayo Clinic Proceedings, sugere que quem beba mais de quatro cafés diários arrisca-se a uma morte prematura. O estudo é muito grande – com quase 50,000 participantes. Por ironia, este estudo, pelo seu tamanho, não é muito detalhado. Os investigadores só perguntavam às pessoas quantos cafés tomavam por dia e, como é sabido, cada chávena de café não tem sempre a mesma quantidade de cafeína...
Quanto à morte prematura... bem, os investigadores não encontraram qualquer relação entre o café e a morte directa, somente na relação entre uma faixa etária mais jovem e outra mais idosa. O café afecta diferentes pessoas de diferentes maneiras, mas os investigadores ainda não sabem bem porquê.
Apesar de ainda haver muitos mitos em torno do café, a ciência aproxima-se de respostas a todas as nossas perguntas sobre as suas propriedades terapêuticas. Sabe-se que o café é rico em substâncias denominadas metilxantinas: (a teofilina, a teobromina e a cafeína) que previnem as doenças neurológicas e melhoram a função pulmonar – o que explica porque Marcel Proust 'abusava' desta bebida. Ele sofria de asma. Segundo um estudo norueguês publicado pelo Journal of Headache and Pain, ingerir quatro chávenas de café por dia pode reduzir o risco de dores de cabeça crónicas. Um consumo moderado de café ajuda a criar elasticidade nas artérias cardíacas, evitando problemas no coração. as mulheres que consomem duas chávenas de café têm menos 25% de probabilidades de sofrerem um AVC. Investigadores da Universidade de Aveiro descobriram que as borras de café têm compostos que combatem o colesterol e vários tipos de cancro (da próstata, da mama, etc.).
O neurocientista Steven Miller, investigador da Universidade Militar de Ciências da Saúde (EUA) diz que há uma hora errada para beber café e indica a hora ideal para o fazer. Miller refere que devemos esperar pela descida dos níveis de cortisol. “A produção de cortisol está relacionada com o nível de alerta. E o pico dá-se, em média, às 8h00 ou 9h00 (...) Um dos princípios-chave da farmacologia é que o consumo de drogas só deve ocorrer quando é necessário. Caso contrário, desenvolve-se uma resistência”.
Ou seja, se quiser desfrutar dos benefícios do café, sem sofrer dos efeitos negativos, beba com moderação nunca menos de uma hora antes de acordar.
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